Com ou sem bolinhas? 23/09/2013
Relação entre o consumo de bebidas gaseificadas e diversos problemas de saúde está sendo estudada há alguns anos.
Apesar de ser agradável ao paladar, gás carbônico pode irritar o estômago.
As borbulhas de uma bebida com bastante gás atraem o paladar de muita
gente. Seja na água, no refrigerante ou mesmo na cerveja, a presença do
gás carbônico pode tornar o líquido mais interessante e saboroso. Mas
será que a ingestão desse componente não prejudica a saúde? Essa
efervescência tão agradável ao paladar não pode acabar fazendo mal ao
estômago e ao processo digestivo?
Ainda que não existam evidências para apontar o gás como o verdadeiro
vilão dessa história, uma provável relação entre o consumo de bebidas
gaseificadas e diversos problemas de saúde está sendo estudada há alguns
anos, segundo a nutricionista e professora da Feevale, Cláudia Winter. A
ingestão das bolinhas está supostamente ligada à descalcificação dos
ossos, obesidade, má digestão e celulite, somente para citar algumas
consequências.
— Essa relação é mais mito que verdade. A principal questão que
muitos ignoram é a presença de outras substâncias em muitas dessas
bebidas, como cafeína, açúcares, adulcorantes e sódio que, essas sim,
contribuem para o aumento de peso, redução da absorção de cálcio e
aumento da pressão arterial — explica Cláudia.
Efeitos dependem do perfil de quem consome
Mesmo quem optar pela água com gás, que está livre dessas substâncias
nocivas, deve manter a cautela. O gás carbônico, inserido
artificialmente no líquido, pode causar alguns transtornos,
especialmente para aquelas pessoas que já sofrem de problema gástrico.
— Este gás, juntamente com o baixo pH de muitas dessas bebidas, pode
irritar ainda mais a mucosa gástrica — observa a nutricionista do Centro
de Obesidade e Síndrome Metabólica do Hospital São Lucas da PUCRS,
Milene Amarante Pufal.
O gastroenterologista do Complexo Hospitalar Santa Casa, Idílio Zamin
Junior, também pondera que o gás pode causar sensação de "estufamento",
mesmo que de forma transitória, o que gera desconforto.
— Esses efeitos dependem muito do perfil da pessoa e da quantidade de
líquido ingerido, mas o gás pode piorar problemas como o refluxo
gástrico, azia e queimação. Ou seja, especialmente para quem já sofre
com esses sintomas, é bom evitar as bebidas gaseificadas — recomenda.
Em quantidades moderadas, entretanto, o consumo de água com gás não é
prejudicial. A escolha fica pela preferência do paladar e é equilibrada
pelo bom senso. O alerta fica para as outras bebidas gaseificadas, como
os refrigerantes, que têm diversas substâncias que atrapalham a boa
saúde e, combinadas ao gás, podem fazer mal.
Como é feita a água com gás
A maioria das marcas de água com gás vendidas atualmente no mercado é
gaseificada artificialmente.
O oxigênio do líquido é retirado, e o gás
carbônico inserido um pouco antes de a bebida ser engarrafada.
— O processo é feito por um equipamento carbonatador, em pequenas
bolhas que fazem o gás carbônico ser solubilizado no líquido.
Entretanto, mesmo com esse processo, a água deve ter a mesma composição
da versão sem gás — explica o enólogo, professor e pesquisador em
Biotecnologia da Unisinos, Juliano Garavaglia.
Os refrigerantes também têm carbonização artificial, com o gás
carbônico inserido no processo de fabricação. Já em bebidas como a
cerveja e o espumante, o gás é resultado de um processo natural.
No caso
da cerveja, a fermentação da levedura é que dá origem ao gás carbônico e
uma pequena correção do gás é feita no momento do engarrafamento. O
mesmo ocorre com o espumante, que igualmente é gaseificado de maneira
natural, mas sem uma correção quando a bebida é engarrafada.
Direto da natureza
A água gaseificada também pode ser encontrada na natureza, mas o
fenômeno é um tanto raro aqui no Brasil. O processo natural de formação
de água carbogasosa ou carbonatada, como é chamada pelos cientistas,
surge do aquecimento subterrâneo. As fontes estão, geralmente, situadas
em regiões próximas a vulcões ou onde a camada de magma está mais
próxima da superfície terrestre. O calor do magma atravessa as rochas e
alcança os reservatórios de água. A temperatura elevada quebra as
moléculas dos minerais da água, liberando vapores e incorporando os
gases ao líquido.
A maioria das águas gasosas naturais, entretanto, apresenta um teor
de gás carbônico bem mais suave, por isso não costuma ser encontrada à
venda dessa forma.
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