TRAVESSURAS OU TRANSTORNO?

01 de junho de 2013

BRINCADEIRAS MAIS AGRESSIVAS SÃO COMUNS, MAS OS EXAGEROS E A REGULARIDADE PODEM SINALIZAR DISTÚRBIOS NAS CRIANÇAS.


Dennis, o Pimentinha e o Menino Maluquinho são personagens que encantaram adultos e crianças durante os anos de 1980 e de 1990 principalmente pelas peraltices. Guardadas as devidas proporções, os discípulos desses garotinhos existem e costumam deixar os pais e mães sem saber o que fazer.

Especialistas alertam que é comum as travessuras dos filhos surpreenderem os adultos, mas eles precisam ficar atentos a sinais que indiquem a existência de um transtorno comportamental. A psicanalista infantil e professora da Universidade de Brasília (UnB) Maria Izabel Tafuri explica que as brincadeiras são imprescindíveis, pois “ajudam a criança a desenvolver a capacidade de atenção e a estimular a imaginação”. Para identificar se um comportamento é típico ou extrapola o adequado, é importante ficar de olho em como os pequenos brincam:

Eles precisam se divertir sozinhos e com outras crianças e devem ser assistidos durante esse período para que se perceba se existe um comportamento problemático.

Psicóloga e analista do comportamento, Maria Martha Hübner ressalta que algumas atitudes dos pais podem estimular o mau comportamento dos filhos. O que acontece é que muitas vezes os adultos dão mais ênfase aos erros da criança e deixam de valorizar o que ela faz de bom. Em outros casos, dão mais atenção para um filho do que para outro, o que pode gerar a necessidade de chamar a atenção pelas travessuras.

Quando a criança faz algo errado, é melhor falar para ela parar e ter uma conversa rápida, explicando por que o comportamento não deve ser repetido. Dar muitos sermões e aplicar punições pode não ser eficiente – aconselha.

Segundo a psicóloga, é preciso avaliar o cenário em que o erro ou o excesso é cometido pela criança. A separação dos pais também costuma ser um período de comportamentos exagerados. Raros, os transtornos de conduta costumam ser resultado de excessos praticados inicialmente pelos pais, segundo Maria Martha. Uma criança com transtorno desafiador opositor (TDO) – quando é excessivamente respondona e reage negativamente aos estímulos – poder ter desenvolvido o problema em razão do exagero de ordens dadas pelos pais.

Escolas devem assumir seu papel

Na opinião de Maria Martha, a escola exerce um papel importante no desenvolvimento infantil, porém, precisa melhorar no que diz respeito à aplicação de políticas mais inclusivas:

Quando a criança não se comporta como deveria, a maioria das escolas ainda entende que ela tem um problema e pronto, sendo que seria melhor acolher o aluno.

Para ela, é mais efetivo conversar e estabelecer uma interação mais próxima com a família para descobrir o que está causando um comportamento atípico. Esse é o caso do Instituto Natural de Desenvolvimento Infantil (INDI), que atua dentro da proposta de inclusão.

Trabalhamos com a qualificação das relações humanas e tentamos ajudar a criança a entender seus sentimentos e saber expressá-los. A escola inclusiva tenta respeitar as caraterísticas de cada aluno e ajudá-lo a se desenvolver dentro de suas condições – explica a diretora, Júlia Chaves.



 O QUE FAZER

O tratamento oferecido pela psicanálise baseia-se na procura pelos estímulos que causam os comportamentos inadequados. A intenção é analisar os momentos críticos da vida da criança e descobrir o que estimula o comportamento. De acordo com a psicóloga Maria Izabel Tafuri, não adianta tentar resolver o problema por meio da medicação. É importante investir na terapia familiar. 

Remédios como a Ritalina têm sido indicados às crianças de forma abusiva, observa Tafuri.

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FALTA DE LIMITES

É o transtorno desafiador opositor (TDO), que tem padrão persistente de comportamentos desafiadores e hostis. Os pequenos são bastante respondões e costumam dizer não a pedidos e estímulos feitos pelos adultos.

HIPERATIVIDADE

O transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) tem maior incidência na infância e na adolescência – está presente em cerca de 5% da população em idade escolar. Os principais sintomas são a dificuldade em manter o foco de atenção e/ou manter-se quieto.

ANSIEDADE DE SEPARAÇÃO

Ansiedade excessiva envolvendo o afastamento de casa ou dos pais. A criança acha que vai se perder e tem medo de nunca mais ver os pais.

FONTE:http://www.clicrbs.com.br/zerohora/jsp/default2.jsp?uf=1&local=1&source=a4155779.xml&template=3898.dwt&edition=22083&section=1028

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