06/06/2013
Na Esclerose Múltipla, o sistema imunitário ataca as células nervosas ..
Um novo método que tornou o sistema imunitário tolerante às fibras de 
mielina teve sucesso nos ensaios clínicos. Investigação vai continuar.
Um tratamento novo contra a Esclerose Múltipla que alterou o sistema 
imunitário dos doentes teve sucesso numa primeira fase de ensaios 
clínicos que abarcou nove pessoas, mostra um estudo publicado na 
quarta-feira na revista Science Translacional Medicine.
A esclerose múltipla é uma 
doença auto-imune relacionada com o sistema nervoso. O sistema 
imunitário destes doentes ataca a camada que impermeabiliza as células 
nervosas, os neurónios. É esta camada feita de mielina que permite à 
informação viajar a uma velocidade enorme ao longo do sistema nervoso. 
Só assim conseguimos mexer os dedos quase no mesmo momento em que 
pensamos fazê-lo.
Na esclerose múltipla, esta camada de mielina 
vai sendo degradada. Ao longo dos anos as pessoas acabam por perder a 
capacidade de caminhar e de se moverem. A esperança média de vida é 
cinco a dez anos mais baixa do que no resto da população.
Uma 
equipa internacional com investigadores da Alemanha, Estados Unidos, 
Áustria alteraram o próprio sistema imunitário para diminuir o ataque às
 camadas de mielina. Para isso, retiraram células do sistema imunitário 
dos pacientes, depois ligaram estas células a fragmentos de mielina e 
voltaram a injectar estas células com milhões de fragmentos de mielina 
nos pacientes. O objectivo deste método é obrigar o sistema imunitário a
 reconhecer estes fragmentos e torná-lo tolerante à mielina.
“A 
terapia pára as respostas auto-imunes que já estão em curso e previne a 
activação de novas células auto-imunes”, diz Stephen Miller, 
investigador sénior da Escola de Medicina Feinberg da Universidade de 
Northwestern, em Chicago, nos Estados Unidos. “O nosso método deixa a 
função do sistema imunitário intacto. É o Santo Graal”, explica o 
cientista, num comunicado de imprensa.
Esta primeira fase de 
testes foi, principalmente, para procurar efeitos secundários nos 
pacientes que receberam o tratamento. Os resultados foram positivos; por
 um lado, não houve problemas significativos associados ao tratamento, 
por outro lado, os pacientes melhoraram em relação à doença. Agora o 
tratamento vai passar para a segunda fase dos testes clínicos, 
para verificar se este método previne de facto a progressão da esclerose
 múltipla em humanos.
“Na fase dois queremos tratar doentes que 
estão nos estados mais precoces da doença, antes de estarem paralisados 
devido aos danos na mielina”, explica Stephen Miller. “Quando a mielina é
 destruída, é difícil ser reparada.”

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