TOSSE ALÉRGICA...VERDADE OU MITO...

26/07/2014 

Especialistas afirmam que termo não existe e que o uso de antialérgicos e anti-histamínicos é contraindicado.


Uma criança começa a tossir e alguém diz que deve ser tosse alérgica. Essa cena é recorrente, porém, esse termo é usado de forma incorreta, o que é motivo de preocupação para Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul. Não existe a chamada "tosse alérgica". De acordo com o pneumologista pediátrico Paulo José Cauduro Marostica, muitos pais oferecem antialérgicos e anti-histamínicos para crianças asmáticas pensando estar tratando a tosse, erroneamente.

_ Crianças alérgicas frequentemente apresentam asma, e a doença pode se manifestar apenas com tosse. Com isso, as pessoas fizeram a associação de que o antialérgico trataria o problema, o que está muito errado. Esse uso não tem comprovação científica. Ocorre exatamente o contrário. O remédio não faz efeito e ainda deixa a criança sonolenta, com aumento de apetite e de peso _ explica.

Segundo o pediatra Wilson Rocha Filho, é comum que as crianças tenham até 10 viroses por ano:
_ A chamada tosse alérgica não tem respaldo da literatura. Existe o medicamento específico para asma, que deve ser dado para as crianças asmáticas. Estamos em uma época do ano em que é normal que o pequeno tenha uma ou duas viroses num mesmo mês. Crianças até 5 anos apresentam, em média, cinco viroses por ano _ esclarece.

O pediatra lembra que a tosse é um mecanismo de defesa do corpo. Porém, alguns sintomas devem ser observados para que o tratamento mais adequado seja seguido. Quando a tosse dura mais de 15 dias, ou se a criança apresentar quadro de febre por mais de sete dias e catarro por 15, deve ser investigado por um médico pediatra. É sinal de que algo está fora do normal.

A tosse, que muitas vezes é a vilã de uma noite de sono, ou de várias, para qualquer pessoa, é um sintoma e pode estar relacionada a mais de um tipo de doença, conforme Júlio César Sarturi, pneumologista. Ela pode ser consequência, e também sintoma, de uma alergia, mas ainda pode ter origem medicamentosa, infecciosa, tumoral ou ainda de problemas digestivos.

Conforme Sarturi, há dois tipos de tosse: a tosse seca ou a tosse produtiva, de quem está com o peito encatarrado. Dependendo de quanto tempo uma pessoa fica com tosse, o sintoma pode ser classificado como: aguda (que dura até uma semana) ou crônica (que passa de uma semana). O médico explica que é necessário que um profissional sempre seja procurado para que a origem seja diagnosticada, ao invés de esperar dias, mais de uma semana,  para saber o problema.

_ Tem que investigar e procurar o médico. Já tive um caso que a pessoa pensou que era uma coisa banal, deixou passar cerca de 30 dias e tinha um tumor _ comenta.

Sarturi alerta para a automedicação, que não deve acontecer em nenhum caso.

Sobre pastilhas e sprays, ele explica que podem ser utilizados, mas que,se a tosse não terminar dentro de dois ou três dias, também é necessário buscar ajuda médica.  


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