10 de dezembro de 2011 
Os bichos podem ser grandes aliados para dar apoio social e emocional em momentos difíceis.
Quem procura ajuda psicoterápica tem grandes chances de sair da sessão  com a indicação de um tratamento inusitado: a compra, ou adoção, de um  bichinho de estimação. Prova de que o homem está na natureza – e que a  natureza está no homem – a interação de seres humanos com pets é cada  vez mais valorizada quando ganhos em saúde física e mental são  necessários.
E não pense que a interação é sugerida apenas para  que uma pessoa não se sinta tão solitária: é mais do que isso.  Especialistas, sobretudo em saúde mental, costumam dizer que os mascotes  têm poder de equilibrar as nossas emoções, e, em alguns casos,  restabelecer as funções do organismo por meio da troca de experiências. É  a chamada zooterapia.
– Ter um animal em casa não vai fazer com  que pessoa deixe de sentir a dor da perda, nem curar uma depressão. Mas  poderá contribuir bastante para a diminuição dessa dor, tirando um pouco  do foco nela. Ao se distrair, a pessoa equilibra melhor suas emoções,  sofrendo menos e administrando melhor a situação – explica o psicólogo  Fernando Elias José.
Como um antidepressivo natural, e com pouca  contraindicação, cuidar de um cãozinho, coelho, papagaio, gato ou cavalo  é válido para os mais diversos tipos de problemas, desde aqueles que  estão passando por uma depressão sazonal, como um luto, a indivíduos  portadores de necessidades especiais, crianças com problemas de  relacionamento ou aprendizagem, entre outros. Segundo o artigo publicado  na revista Journal of Personality and Social Psychology, o estudioso  Allen McConnel, da Universidade de Miami, disse que, em termos gerais,  essas pessoas têm mais qualidade de vida e conseguem resolver melhor  diferenças individuais do que as que não têm animal de estimação.
Outro  estudo, publicado na American Journal of Cardiology, mostra que pessoas  que interagem com animais constantemente tendem a apresentar níveis  controlados de estresse e de pressão arterial, além de estar menos  propensos a desenvolver problemas cardíacos.
O mecanismo que  transforma um cãozinho companheiro em um forte aliado na qualidade de  vida do seu dono passa, é claro, pela troca de afeto entre eles. Segundo  a veterinária e doutora em Psicologia Ceres Faraco, discute-se várias  questões que tangem a aproximação de pessoas com bichos, sobretudo os  considerados mais próximos dos seres humanos, como cães e gatos.
–  Eles auxiliam no tratamento porque proporcionam estímulos  multissensoriais, que passam por questões como afeto, comunicação  não-verbal, como estímulos visuais, táteis, auditivos, e a confiança. É  como se a pessoa se sentisse praticamente “obrigada” a sair de dentro de  si, pois o animal demanda afeto e faz nos sentir necessitados a  atendê-los. Sem contar que o animalzinho não reclama, não pede nada em  troca, não dá bola para aparência e o quanto alguém está sofrendo. No  mundo animal não existe esse tipo de conflito – resume a especialista,  ressaltando que a resposta positiva a essa “obrigação” é quase mágica  para quem precisa se livrar de um sofrimento.
De acordo com a  responsável pela Terapia Assistida por Cães da Associação Brasileira de  Hippoterapia e Pet Terapia (Abrahipe), Paula Bicchile Suelotto, no  contato de crianças, jovens e adultos portadores de necessidades  especiais – seja por comprometimento motor, mental ou em ambos os  aspectos – a utilização dos cães facilita muito o trabalho do  profissional, pois o indivíduo atendido não considera que está em  processo terapêutico, mas sim, brincando com os cães.
– Isso é  importante porque as atividades fogem da rotina terapêutica à qual estão  acostumados, gerando motivação em realizar as atividades, o que  contribui muito para o desenvolvimento neuropsicomotor de nossos  pacientes – afirma Paula.
Quem sabe bem disso é a empresária do  ramo de alimentação Rossana Vecchio, 40 anos, que colhe há anos os  benefícios da amizade com a cadelinha Ming. Rossana já era casada  quando, em 2002, ganhou a simpática vira-latas de uma empregada. Sem  filhos, ela e o marido viviam uma vida tranquila em Nova Prata, na  Serra. Até que um acidente, em 2007, deixou Rossana viúva  prematuramente.
– Meu marido estava voltando de um jantar de  trabalho em Nova Araçá, perdeu o controle da direção e bateu numa  árvore. Morreu na hora. Foi um choque – lembra a empresária.
Os  primeiros seis meses meses de luto foram muito difíceis, por isso ela  resolveu passar uma temporada na casa dos pais. Ming, é claro, foi  junto.
– Desde o início ela parecia sofrer junto comigo. Ela se  comunicava da maneira dela, parecia chorar comigo, dizendo que também  sentia falta. Ela me amparava, me fazia sair de casa para passear, ter  vida social, mesmo quando eu não achava que seria impossível – conta  ela, que vive atualmente em Porto Alegre, com sua fiel escudeira.
– Ela é parte da minha história – finaliza.
ABORDAGEM É INTERDISCIPLINAR
Os olhos de Lauro Barcellos, 49 anos, brilham quando monta no  imponente cavalo crioulo Tonhão. Portador de epilepsia desde a infância,  Barcellos espera ansioso pela meia hora de equoterapia que realiza  semanalmente na Sociedade Hípica, em Porto Alegre. Não é por nada que,  desde que ele começou o tratamento, em agosto deste ano, suas crises  diminuíram e sua qualidade de vida aumentou significativamente.
Acompanhado por um psicólogo, um fisioterapeuta e um educador físico, Lauro pratica sua aula compenetrado. Sua mãe, a aposentada Tereza Lino, conta que a equoterapia foi indicada pelo neurologista, o que lhe passou segurança.
– De todos os tratamentos que ele fez ou faz, foi o que mais deu resultado até agora. Acho que Lauro lembra da infância, quando criávamos cavalo. Estava preso na memória dele – diz ela.
Reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), a equoterapia é um método terapêutico e educacional que utiliza o cavalo dentro de uma abordagem interdisciplinar, nas áreas de Saúde, Educação e Equitação, buscando o desenvolvimento biopsicossocial de pessoas portadoras de deficiência ou de necessidades especiais. Na equoterapia, há a exigência da participação do corpo inteiro, de todos os músculos e de todas as articulações.
10 motivos para ter um bicho como amigo
Acompanhado por um psicólogo, um fisioterapeuta e um educador físico, Lauro pratica sua aula compenetrado. Sua mãe, a aposentada Tereza Lino, conta que a equoterapia foi indicada pelo neurologista, o que lhe passou segurança.
– De todos os tratamentos que ele fez ou faz, foi o que mais deu resultado até agora. Acho que Lauro lembra da infância, quando criávamos cavalo. Estava preso na memória dele – diz ela.
Reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), a equoterapia é um método terapêutico e educacional que utiliza o cavalo dentro de uma abordagem interdisciplinar, nas áreas de Saúde, Educação e Equitação, buscando o desenvolvimento biopsicossocial de pessoas portadoras de deficiência ou de necessidades especiais. Na equoterapia, há a exigência da participação do corpo inteiro, de todos os músculos e de todas as articulações.
10 motivos para ter um bicho como amigo
1 - Ajuda pessoas a se expressarem, a desabarem, a interagir e sofrer menos, pois tira a atenção e o foco da dor
2 -  Obriga a pessoa a sair de casa para passear, ajudando na socialização 
3 - São considerados facilitadores sociais em tratamentos médicos 
4 - Estimula a constituição de laços sociais 
5 - Funciona como um calmante e antidepressivo natural, afastando sentimentos como frustração, solidão, ansiedade e tristeza 
6 - Melhora o sistema imunológico 
7 - Melhora a capacidade motora, fomenta a interação e as  relações sociais, levando a pessoa a adquirir uma maior autonomia e a  desenvolver a linguagem e o movimento. 
8 - Diminui a quantidade de medicamentos utilizada 
9 - Melhora a autoconfiança e a autoestima. Motiva o pensamento e o aprendizado, estimulando o trabalho em grupo 
10 - Regula a pressão sanguínea e da frequência cardíaca
 
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