NOVO EXAME DE SANGUE DETECTA PRECOCEMENTE RISCO DE MORTE APÓS CIRURGIA

Pós-operatório 29/06/2012


O exame detecta um biomarcador liberado pelo músculo cardíaco que aponta estresse sofrido pelo coração.
Mais de 1 milhão de pessoas morrem em até 30 dias depois de realizar procedimentos cirúrgicos.


O Instituto de Ensino e Pesquisa do HCor — Hospital do Coração, de São Paulo, em parceria com a MCMaster University, do Canadá, desenvolveu um estudo internacional, em larga escala, capaz de apontar riscos cardíacos em pacientes após cirurgias não cardíacas. 

A primeira análise do estudo Vision envolveu cerca de 15 mil pacientes acima de 45 anos, de 13 países como Brasil, Canadá, Colômbia, China, Índia, Malásia, Peru, Polônia, África do Sul, EUA, Inglaterra e Espanha, e mais de dois mil pacientes divididos entre o Hospital do Coração, em São Paulo, e Hospital de Clínicas, em Porto Alegre. 

Com um simples exame de sangue realizado nas primeiras horas após o procedimento cirúrgico é possível verificar o nível de troponina-T (TnT) do paciente, um biomarcador liberado pelo músculo cardíaco que aponta estresse sofrido pelo coração, que pode ocorrer após anestesias em cirurgias de grande porte. Assim, é possível identificar pacientes em risco de morte e dar início precoce aos tratamentos, reduzindo a mortalidade nas primeiras semanas após a cirurgia. 

Segundo o responsável pelo IEP HCor e coordenador do estudo Vision no país, Otávio Berwanger, cerca de 200 milhões de pessoas no mundo fazem cirurgias não cardíacas, como procedimentos ortopédicos, retirada de tumores e até cirurgias plásticas. Deste total, mais de 1 milhão morrem em até 30 dias depois dos procedimentos.

A identificação precoce dos pacientes com maior risco poderá permitir a redução de mortalidade do infarto durante as cirurgias não cardíacas e isso beneficiará milhões de pacientes no mundo — diz Berwanger.

As complicações cardíacas costumam acontecer desde as primeiras horas após o procedimento cirúrgico até 30 dias depois. Graças ao estudo Vision, 25% dos pacientes que eram considerados de baixo risco para complicações foram reclassificados como alto risco. 

Esse estudo muda a forma como os médicos devem cuidar de seus pacientes logo após uma cirurgia não cardíaca, identificando rapidamente os cuidados adicionais e intensivos para a sobrevida — argumenta o médico. 

O estudo Vision faz parte dos projetos de filantropia do HCor em parceria com o Ministério da Saúde à serviço do Sistema Único de Saúde (Programa Proadi — Hospitais de Excelência à serviço do SUS). Os resultados foram publicados no Journal of the American Medical Association. 

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