26 de junho de 2012
Descontrole sobre o trabalho dos peritos provoca troca de acusações entre presidência e médicos.
Médicos e dirigentes do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) concordam com o diagnóstico: o serviço de perícias entrou em colapso no Estado. E é praticamente só nisso que eles concordam.
Enquanto os peritos denunciam os gestores como responsáveis por um desmonte no instituto, que seria responsável por demoras de até quatro meses para agendar um exame, a superintendência em Brasília lançou suspeitas sobre a produtividade dos médicos gaúchos e deflagrou uma intervenção branca na gerência de Porto Alegre. Em meio ao bate-boca, o trabalhador sofre com o atendimento.
Em entrevista ontem a ZH, o presidente do órgão, Mauro Hauschild, disse que peritos gaúchos realizam menos exames que seus colegas de outros Estados e afirmou suspeitar de que parte deles burla o sistema de ponto eletrônico para não trabalhar. Hauschild sofre pressão da Casa Civil para elevar a quantidade de perícias no Estado, onde o desempenho está entre os piores do país. Na quinta-feira, ele estará na Capital para cobrar mudanças no atendimento.
No caso de Porto Alegre, cada médico terá de realizar 18 perícias diárias, segundo ele o dobro do desempenho atual. Para o sindicato nacional da categoria, o ideal seria fazer 12 atendimentos ao dia. A corregedoria do INSS ainda vai apurar se os peritos de fato cumprem a jornada de trabalho, já que todos os profissionais são obrigados a bater o ponto eletrônico.
Clarissa Bassin, vice-presidente da associação dos peritos gaúchos, afirma que o problema é a debandada de profissionais, por aposentadoria ou pedido de demissão. Segundo dados da Associação, 1.332 médicos demitiram-se nos últimos 40 meses no país. De dezembro de 2008 a abril de 2012, o total de profissionais no sistema teria caído de 5.362 para 4.590 (14,39%).
– A acusação de que os médicos não trabalham não confere. Estão dizendo isso para criar uma cortina de fumaça e esconder que fazem uma gestão horrorosa. Os salários estão congelados desde 2008 e as condições de trabalho são horríveis. Os médicos pedem demissão e o INSS não consegue repor – afirma Clarissa.
Enquanto os peritos denunciam os gestores como responsáveis por um desmonte no instituto, que seria responsável por demoras de até quatro meses para agendar um exame, a superintendência em Brasília lançou suspeitas sobre a produtividade dos médicos gaúchos e deflagrou uma intervenção branca na gerência de Porto Alegre. Em meio ao bate-boca, o trabalhador sofre com o atendimento.
Em entrevista ontem a ZH, o presidente do órgão, Mauro Hauschild, disse que peritos gaúchos realizam menos exames que seus colegas de outros Estados e afirmou suspeitar de que parte deles burla o sistema de ponto eletrônico para não trabalhar. Hauschild sofre pressão da Casa Civil para elevar a quantidade de perícias no Estado, onde o desempenho está entre os piores do país. Na quinta-feira, ele estará na Capital para cobrar mudanças no atendimento.
No caso de Porto Alegre, cada médico terá de realizar 18 perícias diárias, segundo ele o dobro do desempenho atual. Para o sindicato nacional da categoria, o ideal seria fazer 12 atendimentos ao dia. A corregedoria do INSS ainda vai apurar se os peritos de fato cumprem a jornada de trabalho, já que todos os profissionais são obrigados a bater o ponto eletrônico.
Clarissa Bassin, vice-presidente da associação dos peritos gaúchos, afirma que o problema é a debandada de profissionais, por aposentadoria ou pedido de demissão. Segundo dados da Associação, 1.332 médicos demitiram-se nos últimos 40 meses no país. De dezembro de 2008 a abril de 2012, o total de profissionais no sistema teria caído de 5.362 para 4.590 (14,39%).
– A acusação de que os médicos não trabalham não confere. Estão dizendo isso para criar uma cortina de fumaça e esconder que fazem uma gestão horrorosa. Os salários estão congelados desde 2008 e as condições de trabalho são horríveis. Os médicos pedem demissão e o INSS não consegue repor – afirma Clarissa.
Espera pode chegar a quatro meses
Na briga da gerência com os médicos do INSS, quem leva a pior é a população. Em alguns casos, a espera por exame pericial pode chegar a quatro meses. Ontem à tarde, quem tentava horário em Canoas pelo site conseguia agendamento para 9 de outubro – mais de cem dias de espera. Para quem está afastado do trabalho por motivo de doença, o prazo é trágico.
– Nos primeiros 15 dias, quem faz a avaliação da pessoa é a empresa, mas a partir do 16º quem vai remunerar o empregado é a Previdência. Só que para isso precisa ter a perícia. A pessoa já está com alguma doença e ainda acaba ficando um tempo sem receber – diz o advogado Rafael Foresti Pego, especialista em Direito do Trabalho.
Em Porto Alegre, a rotina de quem depende dos serviços é uma via-crúcis. Munida de uma pasta cheia de documentos, Danielli Azambuja Olibone Nunes, 28 anos, acompanha há dois anos a rotina do marido Alexandro Paulo Nunes, 35 anos. Ex-vigilante, ele foi diagnosticado com Esclerose Múltipla. Sem forças no lado esquerdo do corpo, comprometido pela doença, ele conseguiu o auxílio-doença, mas luta agora para ter a aposentadoria.
– Na primeira vez, agendei pelo 135. Demorou dois meses para conseguir a perícia. No dia, remarcaram. Viemos à agência em vão e fiquei mais um mês sem receber – relata.
– Nos primeiros 15 dias, quem faz a avaliação da pessoa é a empresa, mas a partir do 16º quem vai remunerar o empregado é a Previdência. Só que para isso precisa ter a perícia. A pessoa já está com alguma doença e ainda acaba ficando um tempo sem receber – diz o advogado Rafael Foresti Pego, especialista em Direito do Trabalho.
Em Porto Alegre, a rotina de quem depende dos serviços é uma via-crúcis. Munida de uma pasta cheia de documentos, Danielli Azambuja Olibone Nunes, 28 anos, acompanha há dois anos a rotina do marido Alexandro Paulo Nunes, 35 anos. Ex-vigilante, ele foi diagnosticado com Esclerose Múltipla. Sem forças no lado esquerdo do corpo, comprometido pela doença, ele conseguiu o auxílio-doença, mas luta agora para ter a aposentadoria.
– Na primeira vez, agendei pelo 135. Demorou dois meses para conseguir a perícia. No dia, remarcaram. Viemos à agência em vão e fiquei mais um mês sem receber – relata.
“Talvez não cumpram as jornadas”
Mauro Hauschild - presidente do INSS
O presidente do INSS, Mauro Hauschild, promete solucionar a crise em 90 dias. Gaúcho de Bom Retiro do Sul, ele admite a escassez de pessoal, mas reclama da baixa produtividade dos peritos:
Zero Hora – Falta pessoal ou produtividade na perícia médica no Estado?
Mauro Hauschild – As duas coisas. Temos de ampliar o número de peritos. Acabamos de nomear 250, vamos nomear mais 125 até outubro. Precisamos realizar mais perícias com a força de trabalho disponível. Que pelo menos 70% dos peritos façam entre 15 e 20 perícias todos os dias. Isso significa uma perícia a cada 20 minutos.
ZH – Qual é a média hoje?
Hauschild – Em números nacionais, temos uma média de 11, 12 perícias por perito, contando os que não estão em atividade. Mas podemos chegar a 15 e até a 18.
ZH – A média do Rio Grande do Sul é mais baixa?
Hauschild – Há peritos que entregam sete, oito perícias por dia em Porto Alegre. Se fizermos um comparativo com consultório, nos parece desproporcional um médico não fazer 15 perícias em seis horas – ou 18 em oito horas.
ZH – Onde estão os médicos que não fazem perícia?
Hauschild – Em Porto Alegre, temos 10 peritos no Sistema Integrado de Assistência à Saúde do Servidor. Podemos ter dois ou três nessa área para atender. Os outros sete vamos devolver à perícia inicial.
ZH – Tem gente ociosa?
Hauschild – Eles não têm o volume de trabalho que outros médicos da perícia do INSS.
ZH – Tem gente que não aparece para trabalhar?
Hauschild – Talvez não cumpram a jornada ou, se cumprem, não realizam a atividade que a gente gostaria.
ZH – Quando o sistema estará operando dentro do razoável?
Hauschild – Em 90 dias.
Zero Hora – Falta pessoal ou produtividade na perícia médica no Estado?
Mauro Hauschild – As duas coisas. Temos de ampliar o número de peritos. Acabamos de nomear 250, vamos nomear mais 125 até outubro. Precisamos realizar mais perícias com a força de trabalho disponível. Que pelo menos 70% dos peritos façam entre 15 e 20 perícias todos os dias. Isso significa uma perícia a cada 20 minutos.
ZH – Qual é a média hoje?
Hauschild – Em números nacionais, temos uma média de 11, 12 perícias por perito, contando os que não estão em atividade. Mas podemos chegar a 15 e até a 18.
ZH – A média do Rio Grande do Sul é mais baixa?
Hauschild – Há peritos que entregam sete, oito perícias por dia em Porto Alegre. Se fizermos um comparativo com consultório, nos parece desproporcional um médico não fazer 15 perícias em seis horas – ou 18 em oito horas.
ZH – Onde estão os médicos que não fazem perícia?
Hauschild – Em Porto Alegre, temos 10 peritos no Sistema Integrado de Assistência à Saúde do Servidor. Podemos ter dois ou três nessa área para atender. Os outros sete vamos devolver à perícia inicial.
ZH – Tem gente ociosa?
Hauschild – Eles não têm o volume de trabalho que outros médicos da perícia do INSS.
ZH – Tem gente que não aparece para trabalhar?
Hauschild – Talvez não cumpram a jornada ou, se cumprem, não realizam a atividade que a gente gostaria.
ZH – Quando o sistema estará operando dentro do razoável?
Hauschild – Em 90 dias.
VEJA TAMBÉM : http://www.clicrbs.com.br/pdf/13629703.pdf
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