VISÃO AFETADA,CERATOCONE

26 de maio de 2012 


Saiba mais sobre o ceratocone, doença degenerativa de causas desconhecidas.

Quando Jefferson Martins Matos, 21 anos, identificou a gradual perda da visão, em 2006, tudo indicava que não passaria de simples miopia e astigmatismo. As imagens cada vez mais embaçadas e as fortes dores de cabeça, entretanto, levaram à desconfiança de uma doença rara na córnea do olho esquerdo de Jefferson, o ceratocone. Caracterizado pela distensão da córnea e pelo afinamento progressivo, o ceratocone é uma doença degenerativa e hereditária, que acomete menos de 0,5 % da população em geral. Afeta homens e mulheres em igual proporção e, em 90 % dos casos, em ambos os olhos.

Em geral, a doença se desenvolve assimetricamente: o diagnóstico do problema no segundo olho ocorre cerca de cinco anos após o diagnóstico no primeiro. À medida que a córnea se torna afinada e sua superfície cada vez mais cônica, o paciente percebe a diminuição da capacidade visual, moderada ou severamente, dependendo da quantidade do tecido afetado. Coceira e sensibilidade à luz são alguns dos sintomas que afetam o paciente com a córnea curvada. Quando em estágio avançado, a deformação ocular pode levar à cegueira.

Segundo o oftalmologista Daniel Moon Lee, especialista no tratamento de ceratocone e catarata e em implantes intraoculares, a doença inicia-se geralmente durante a adolescência, por volta dos 16 anos.

No entanto, alguns pacientes podem levar mais tempo para descobrir o problema real, achando que se trata de miopia ou astigmatismo – explica o profissional – explica.

Lee afirma que o tempo de aparecimento dos sinais de ceratocone também varia para cada paciente, podendo evoluir rapidamente ou levar anos para se desenvolver. Apesar de mais raros, existem casos de pacientes que apresentam alterações na córnea na infância ou após os 30 anos.

Para Jefferson Martins, o avanço do ceratocone foi rápido no início da adolescência. O grau de miopia do olho esquerdo aumentou rapidamente, chegando a oito em 2008, quando foi constatado o cone na córnea.

Hoje, tenho apenas 20% da capacidade do olho esquerdo. Apesar de o aumento de grau ter estabilizado desde então, os óculos não conseguem mais melhorar minha visão. Até o fim de setembro, passarei a usar lentes de contato rígidas para correção da córnea – afirma.

Prevenção
Nos casos intermediários de ceratocone, os anéis corneanos intraestrumais são os mais indicados. Eles regularizam a córnea afinada irregular e permitem uma melhor adaptação do paciente às lentes de contato. Após uma pequena incisão feita na periferia da córnea, dois arcos de acrílico são introduzidos na superfície. Os anéis são então ajustados entre as camadas do tecido próximos à pupila, para deslocar a curvatura da córnea para fora, aplanando o ponto mais alto do cone. O procedimento, realizado com anestesia local, oferece o benefício de ser reversível e potencialmente substituível, uma vez que não envolve a remoção de tecido ocular.

Para reduzir o avanço do ceratocone, alguns oftalmologistas já utilizam o crosslinking, técnica a laser para o enrijecimento da córnea e melhora da curvatura, recomendado para casos progressivos.


Lentes de contato corrigem o problema.


O uso de lentes de contato é o tratamento mais usado atualmente para a correção do ceratocone.

A lente rígida estabiliza a superfície ocular, proporcionando uma curvatura da córnea mais regular – explica Moon Lee.

Por se tratar de uma lente rígida, a adaptação, especialmente sobre a córnea com curvatura muito irregular, não é imediata e deve ser feita com acompanhamento do oftalmologista, que vai testar e adaptar a lente ao paciente.

Segundo Alberto Reinaldo Rettold, especialista em lentes de contato, a capa lacrimal que se forma atrás da lente é o que dá a visão ao paciente, pois ela deixa a córnea ser cônica novamente.

– As gás-permeáveis (ou siliconadas) são as únicas recomendadas para os pacientes. Não servem as gelatinosas. É possível voltar a ter uma visão normal – afirma Rettold.

Aquele que se propõe a passar pela adaptação às lentes consegue grande melhora da qualidade de vida, sem necessidade de procedimentos cirúrgicos. Porém, quem não se adapta ou não obtêm o resultado esperado do tratamento podem recorrer a técnicas cirúrgicas, reversíveis ou permanentes, para correção da curvatura da córnea.

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