28/02/2014
Pílula anticoncepcional: Segundo estudo americano, método contraceptivo pode aumentar em 35% o risco de esclerose múltipla.
Causas da doença ainda são
desconhecidas, mas novas pesquisas dão pistas sobre uma possível
influência do fator hormonal no surgimento dos sintomas.
O fator hormonal pode contribuir com o surgimento da esclerose
múltipla, uma doença autoimune cuja causa é desconhecida e para a qual
ainda não existe cura. É o que concluíram dois novos estudos que
associaram um hormônio relacionado à obesidade e à pílula
anticoncepcional ao risco aumentado da condição.
As pesquisas serão
apresentadas durante o encontro anual da Academia Americana de
Neurologia, que acontece até a próxima segunda-feira na Filadélfia, nos
Estados Unidos.
A esclerose múltipla ocorre quando há danos ou destruição da mielina,
uma substância que envolve e protege as fibras nervosas do cérebro, da
medula espinal e do nervo óptico. Quando isso acontece, são formadas
áreas de cicatrização, ou escleroses, e surgem diferentes sintomas
sensitivos, motores e psicológicos.
Uma das pesquisas, assinada pelo Instituto de Pesquisas Neurológicas
Raúl Carrera, na Argentina, foi feita com 420 pessoas de 15 a 20 anos
— metade delas apresentava esclerose múltipla. Após calcular o índice de
massa corporal (IMC) dos participantes, os autores observaram que a
prevalência da doença entre os jovens obesos (com IMC maior do que 30)
foi o dobro da apresentada pelos outros adolescentes.
O estudo ainda descobriu que quanto maior o IMC de uma pessoa, mais
elevados os seus níveis de leptina, um hormônio produzido pelo tecido de
gordura que ajuda a regular o peso, o apetite e a resposta do sistema
imunológico. “Em excesso, a leptina pode promover uma reação
inflamatória no organismo, o que poderia ajudar a explicar a possível
relação entre obesidade e esclerose múltipla”, diz Jorge Correale,
coordenador do estudo.
A segunda pesquisa foi desenvolvida na Califórnia, nos Estados
Unidos. Nela, os autores acompanharam 305 mulheres com esclerose
múltipla durante três anos e, depois, as compararam a outras 3 050
mulheres sem a doença.
Segundo os pesquisadores, a esclerose múltipla
foi 35% mais prevalente entre mulheres que faziam uso de
anticoncepcional do que entre aquelas que não usavam o método. De acordo
com os autores do estudo, porém, são necessárias mais pesquisas para
comprovar – e explicar — o vínculo.
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