19/03/2014
As estatinas, medicamentos utilizados para reduzir a taxa de
colesterol no sangue, podem desacelerar a evolução de certas formas de
esclerose em placas (ou esclerose múltipla, EM), de acordo com estudo
publicado nesta quarta-feira na revista médica britânica "The Lancet".
A EM é uma doença neurológica crônica, em geral invalidante, que atinge o sistema nervoso central (cérebro e medula espinal).
Na
grande maioria dos casos, ela se inicia na forma de impulsos seguidos
de remissões, mas em quase metade dos pacientes essa fase "remitente" se
transforma, após 10 a 15 anos de evolução, em uma fase crônica
secundária chamada "forma secundária progressiva de EM".
Nesse momento, nenhum tratamento consegue ser eficaz para lutar contra as formas progressivas da esclerose em placas.
Para
avaliar as estatinas, os pesquisadores britânico recrutaram 140
pacientes vítimas dessa forma de doença, entre 18 e 65 anos. Os
voluntários foram divididos em dois grupos de forma aleatória: um deles
recebeu 80 mg de sinvastatina por dia; e o outro, um placebo durante
dois anos.
Na ausência de tratamento, o cérebro
se atrofia a uma média de 0,6% por ano, enquanto que nos pacientes
tratados com estatina essa atrofia não passou de 0,3% - ou seja, uma
redução de 43% da atrofia (após ajustes de fatores como idade ou sexo).
Os
médicos e os pacientes também relataram uma queda "fraca, mas
significativa" do nível de efeitos colaterais observados. De acordo com
diferentes trabalhos, os efeitos colaterais podem estar ligados à
progressão da atrofia cerebral.
Estudos
realizados no passado sobre o impacto das estatinas nas fases iniciais
da doença haviam levado a resultados contraditórios.
O
dr. Jeremy Chataway de Londres (University College London Hospitals),
que coordenou o teste clínico de fase 2, alertou para qualquer
interpretação exagerada dos resultados, insistindo na necessidade de
continuar as pesquisas com novos e mais amplos testes.
Vários
testes já estão em curso para tratar a forma progressiva, contando ao
mesmo tempo com medicamentos já existentes e com moléculas inovadoras.
Nenhum comentário:
Postar um comentário