DISTIMIA,UMA DOENÇA MASCARADA

11 de fevereiro de 2012


Se chove, é ruim. Se faz sol, pior ainda. Para o distímico, nada é bom o suficiente e, com certeza, piorará, como se ele fosse uma vítima eterna da Lei de Murphy. Ou, como manifesta Hardy Har Har, a hiena ranzinza de desenho animado, aquela que vive resmungando “Oh dia, oh céu, oh vida, oh azar!”. Brincadeiras à parte, o fato é que a maioria não sabe que tem a doença por achar que a característica faz parte da sua personalidade – o que dificulta muito a sua aceitação e, principalmente, a iniciativa de buscar ajuda.

Transtorno psiquiátrico crônico, a distimia pode vir desde a infância e se estender por toda a vida, prejudicando bastante a qualidade de vida de quem a possui e a dos que estão ao seu redor. Como se carregasse um grande peso, o portador do transtorno, que atinge mais de 3% da população mundial segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) (diferentes estudos mostram uma prevalência entre 2,9 e 6,3% da população) acaba tornando a convivência com os mais próximos atribulada e pouco prazerosa. No depoimento abaixo, uma dona de casa de 70 anos revela como é conviver com a distimia do marido, de 72 anos, que começou a se manifestar há cinco anos. Prova de que é possível alguém “tornar-se” distímico em uma determinada etapa da vida:

Ele sempre foi comunicativo, feliz, gostava da companhia das pessoas. Há cinco anos, começou a manifestar uma depressão leve, que o deixou sonolento, sem ânimo. Parou de conversar com as pessoas e largou o nosso grupo de canastra, enfim, tornou-se uma pessoa diferente. E não aceita de jeito nenhum, diz que o jeito dele é assim e pronto, ficando brabo com quem tenta ajudar. Esses dias veio um amigo dele convidá-lo de novo para jogar e ele disse que ia pensar em voltar. Eu sinto que vou acabar sofrendo junto.

De acordo com o psiquiatra Flávio Milman Shansis, a patologia não impede alguém de viver socialmente, trabalhar ou ter amigos. Entretanto, o portador do transtorno deve ficar atento, pois as consequências a longo prazo do não tratamento podem ser muito sérias, em especial com repercussões sobre a qualidade de vida de seus portadores.

– Os pacientes relatam que é como viver com um freio de mão puxado, que os impedissem de serem completamente felizes – diz Shansis.

Por causa do problema, muitos se isolam, usam álcool e outras drogas, enquanto poderiam estar bem se fizessem o uso combinado de medicamentos e psicoterapia. Aliás, as doses de antidepressivos para a distimia devem ser sempre mais altas do que para a depressão e o tempo de resposta das medicacões que para depressão é de quatro a seis semanas, pode levar de dois a três meses.

Segundo a psiquiatra Ana Paula Filippon, como no início a distimia é uma variável da depressão, com sintomas mais leves e mais prolongados, o diagnóstico preciso costuma ser feito depois que o problema está instalado, sendo que o paciente tem dificuldade para determinar quando seu problema começou.

Quando sente que a patologia está realmente prejudicando sua vida, o indivíduo procura ajuda, o primeiro passo para começar a melhorar.

– O diagnóstico da distimia requer que estas alterações estejam presentes pelo período mínimo de dois anos em adultos e um ano em crianças e adolescentes e causem sofrimento – coloca Ana Paula.

A psiquiatra Ângela Paludo diz que entre as causas da doenças estão a suscetibilidade genética, alterações neuroquímicas, traumas, situações de estresse e circunstâncias sociais, entre outras, com uma tendência a ocorrer mais frequentemente em mulheres e podendo afetar também crianças e adolescentes:

Para esses, os problemas parecem mais difíceis de serem resolvidos e causam muito sofrimento, o que piora ainda mais o quadro. Esses sintomas, ocorrendo de forma crônica, tendem a deixar o cérebro mais sensível ao estresse, aumentando a vulnerabilidade a um episódio depressivo.


MUDANÇAS À VISTA


A distimia é uma doença que, se não tratada, abala as relações familiares, o trabalho e até a disposição para viver.

Não há dúvidas de que a combinação de psicoterapia e antidepressivos é tratamento ideal para aliviar os sintomas da distimia, problema que atinge uma série de neurotransmissores em regiões do cérebro que comandam o humor, como o sistema límbico, o hipotálamo e o lobo frontal. Eles ajudam a restabelecer o equilíbrio da serotonina e noradrenalina.

– Houve uma época que a distimia era tratada apenas com psicoterapia. Hoje, discute-se uma nova denominação para a doença, que deve vir a se chamar transtorno depressivo crônico, e se ela pode estar associada com transtorno bipolar. Isso melhorará o diagnóstico – diz a psiquiatra Juliana Tramontina.

Quanto ao tratamento psicoterápico, há estudos animadores com o uso da técnica cognitivo-comportamental e psicoterapia de orientação analítica, uma derivação da psicanálise freudiana.

De acordo com Ângela Paludo, a psicoterapia ajuda o paciente a entender melhor a doença

– Como o paciente tem dificuldade de aceitar sua condição, indicamos livros para que ele entenda que não é o único – finaliza Juliana.


PARA MELHOR ENTENDEREM VEJAM NO LINK ABAIXO:





2 comentários:

Drika Sanz disse...

Oi André,
Transtornos mentais são sempre difíceis de serem diagnosticados (de médico e louco todos temos um pouco) e consequentemente tratados.
Mas esse mundo é tão diverso... Será que algumas pessoas que conheço tem isso???
Abraços,

André Ponce da Silva disse...

Oi Drika,

Eu consigo reconhecer um bipolar,pois tenho familiar que tem este problema desde criança,e quanto antes for tratado,melhor!!

Abraço.