ESCLEROSE MÚLTIPLA,CONTESTADA MEDICAÇÃO ÚNICA PARA POUPAR

 3- 2- 2012

A presidente da Sociedade Portuguesa de Esclerose Múltipla (SPEM), Manuela Neves, considerou esta sexta-feira «inadmissível» que, «por razões exclusivamente economicistas», os hospitais ministrem uma medicação única aos portadores daquela doença, fazendo «tábua rasa» da sua qualidade de vida.

«Sabemos que estão a decorrer reuniões a nível de vários hospitais, sobretudo no Norte, onde poderá estar a ser "cozinhado" um documento que aponte no sentido da medicação única, por razões exclusivamente economicistas», denunciou, hoje, Manuela Neves, citada pela Lusa.

Segundo a responsável, a medicação única seria «um erro crasso», já que «cada caso é um caso», havendo medicamentos que «são adequados para um doente e já não o são para outro».

Para Manuela Neves, a prescrição de medicação única faria «tábua rasa» da qualidade de vida dos portadores de Esclerose Múltipla.

Disse ainda que «não faz qualquer sentido» que apenas uma percentagem muito restrita de doentes tenha acesso ao medicamento oral que já existe para tratar a Esclerose Múltipla, «quando é sabido que, além de muito eficaz, traz enormes vantagens», por substituir a tradicional «picadela».

«Há doentes que passam décadas e décadas a injectar-se, ficando cheios de marcas na pele», sublinhou.

No sábado, as três principais associações nacionais de doentes da esclerose múltipla vão reunir-se em Braga, naquela que será a primeira sessão de esclarecimento concertada dirigida a doentes sobre o acesso de todos aos tratamentos aprovados e comparticipados.

Além da SPEM, estarão presentes a Esclerose Múltipla de Portugal (ANEM) e Associação Todos com a Esclerose Múltipla (TEM).

Esta última apresentou, muito recentemente, uma queixa aos provedores de justiça nacional e europeu contra o Hospital de Braga por, alegadamente, prescrever apenas um medicamento para a Esclerose Múltipla, «ignorando as especificidades clínicas de cada doente».

A TEM recorda que para o tratamento da doença «existem actualmente oito principais medicamentos imunomoduladores de primeira linha» e que até há pouco tempo os doentes «usufruíam de medicação prescrita pelo médico assistente, adequada à especificidade, estádio e evolução da doença».

Desde Agosto de 2011, o hospital «alterou a política de fornecimento de medicação», obrigando a que a prescrição médica a novos doentes incidisse «apenas e só sobre um único medicamento»: o Betaferon.

«Só em casos muito especiais, devidamente justificados, o médico poderá receitar um outro medicamento (Copaxone)», o que para a associação significa «ignorar as especificidades clínicas de cada doente».

A direcção do hospital de Braga já garantiu, à Lusa, que os doentes são tratados «com terapêuticas aprovadas pelo Infarmed, adaptadas caso a caso, nomeadamente conforme as exacerbações e remissões da doença».

Segundo o hospital, «a terapêutica é naturalmente modificada em função da eficácia do tratamento e da tolerância do doente ao medicamento, razão pela qual existem doentes a quem são prescritos outros fármacos».

Nenhum comentário: