Quando o médico adoece


A médica Soraya Hissa de Carvalho é um exemplo de superação, convive com a Esclerose Múltipla fazendo o que mais gosta: atender seus pacientes.



Muitas pessoas comentaram, na última semana, a volta da atriz Cláudia Rodrigues à TV. Ela integra o elenco do programa Zorra Total, da Rede Globo e estava afastada do trabalho há um ano e três meses devido às dificuldades em andar, falar e na memória, conseqüências da Esclerose Múltipla, doença que descobriu ser portadora no ano 2000. 


A atriz surpreendeu o público e os colegas ao voltar ao trabalho e, em entrevista à revista Época, disse que ficou muito assustada com o diagnóstico da Esclerose Múltipla, pois não sabia ao certo o que isso significava. A doença, pouco falada, ainda é desconhecida por muitas pessoas. Segundo uma pesquisa realizada pelo Ibope em agosto de 2010, aproximadamente, 70% dos brasileiros acredita que a Esclerose Múltipla atinge mais os idosos. 


“Só com a divulgação de informações sobre a doença é que podemos ficar atentos aos sinais que o corpo nos dá, tratar a doença o mais rápido possível e de forma adequada”, diz a médica e psicanalista, Soraya Hissa de Carvalho. Portadora da doença, a médica explica que a Esclerose Múltipla é uma doença do Sistema Nervoso Central, auto-imune, que se caracteriza pela perda da mielina, substância que reveste os neurônios. 


A doença é mais comum em mulheres entre 20 e 40 anos. Na maioria das vezes, a fase inicial da Esclerose Múltipla é sutil com sintomas, como visão turva ou pequenas alterações no controle da urina, que passam rápido, mas voltam depois de um período. “Devido a isso, a pessoa pode passar dois ou três anos apresentando pequenos sintomas sensitivos sem dar importância aos sinais porque em três ou quatro dias eles desaparecem”, explica Soraya.


No geral, os sintomas da doença são: problemas visuais, distúrbios da linguagem, da marcha, do equilíbrio, da força; fraqueza transitória no início da doença, em uma ou mais extremidades; dormências, com períodos às vezes de melhoras e pioras, sendo que quando predomina na medula, as manifestações motoras, sensitivas e esfincterianas se encontram geralmente presentes, existindo raramente dor. 


Segundo Soraya, nos primeiros cinco anos é comum o portador ter surtos e a milelina regenerar, mas, depois, não há recuperação espontânea e o paciente vai acumulando dificuldades de equilíbrio e movimento. Por isso, ao diagnosticar a doença, o tratamento deve ser seguido corretamente, pois ajuda a evitar os surtos e suas conseqüências.


Exemplo de superação dentro do consultório 


A médica Soraya Hissa de Carvalho descobriu ser portadora de Esclerose Múltipla em 2001. A partir daí, a doença degenerativa foi ganhando espaço. Três meses depois, Soraya perdeu a visão do olho esquerdo, já andava com dificuldades e perdia a sensibilidade do corpo, progressivamente. Em 2002, perdeu o controle do sistema urinário, a total sensibilidade dos membros inferiores e teve a outra visão afetada. Ficou acamada durante um ano, numa época de perdas financeiras e afetivas. 


Meses depois, Soraya foi recuperando a saúde, processo irreversível para portadores da doença. Apesar da fraqueza, da insensibilidade do corpo e da debilidade visual, a médica foi recuperando a auto-estima, passou a ativar e trabalhar o cérebro e, demonstrando muita força de vontade, dedicou-se cada vez mais ao estudo, como sempre fez em toda sua vida. Hoje, Soraya voltou a praticar a medicina através de palestras e cursos e vive com a missão de ajudar as pessoas, transmitindo todo seu conhecimento e experiência de vida.


Soraya Hissa de Carvalho é especialista em endocrinologia e metabologia, geriatria e reabilitação, psiquiatria, medicina tradicional chinesa, medicina psicossomática, psicooncologia e tanatologia, neurociência e comportamento, suicidologia e psicanálise.


Nenhum comentário: