Gaúcho é o primeiro patrono cego de feira cultural no Brasil, diz organização nacional...

30/09/2019

Natural de Nova Petrópolis, André Werkhausen Boone lançou autobiografia em 2018.
Em Histórias de Baixa Visão, de 2017, André relatou as diferenças em ter pouca e nenhuma visão.

Aos 13 anos, André Werkhausen Boone começou a ter problemas de visão. Em um processo de perda e retorno desse sentido, o guri de Nova Petrópolis, na serra gaúcha, pouco aproveitou sua adolescência. Com precisão, ele relembra o dia em que parou de enxergar definitivamente por causa de uma doença autoimune. 

— Foi quando eu tinha 16 anos, em seis de março de 2009. 

Mais de 10 anos depois da reviravolta em sua vida, André foi surpreendido novamente. Dessa vez, com o convite da prefeitura da sua cidade natal para ser patrono da 24ª Feira do Livro que, nesta edição, tem o tema "Não há limites para quem lê". O evento será de 8 a 13 de outubro, das 8h às 21h, na Rua Coberta.

Com o reconhecimento, André passa a ser considerado o primeiro cego a ser patrono de uma feira cultural do Brasil, garante o vice-presidente da Organização Nacional de Cegos do Brasil (ONCB), Beto Pereira. 

— Pelas informações de que dispomos, ele é o pioneiro, o que para nós é motivo de alegria. Isso mostra a pessoa com deficiência como protagonista da cultura e da informação e também vai ao encontro da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência.  

Coautor de obra chamada Histórias de Baixa Visão
O envolvimento de André com as letras vem de anos. Leitor de obras infantojuvenis, as quais diz não ter um autor preferido, e de revistas e jornais, o nova-petropolitano deu o pontapé inicial na jornada literária em 2010, aos 18 anos, participando de um concurso em Caxias do Sul. Embora não tenha recordações precisas sobre o conto, lembra apenas que se tratava da história de um cego.  

Depois de se formar em Administração, em 2015, o jovem ingressou em uma pós-graduação. Foi nessa época que adquiriu o hábito de relatar, no Facebook, suas aventuras diárias. Ele recorda que foi instigado a escrever mais, porém tinha dificuldades financeiras e faltava uma editora que aceitasse a obra. Com ajuda de pessoas da comunidade, o sonho deslanchou: uma professora de português que estava prestes a se aposentar se ofereceu para corrigir o material, outra pessoa ajudou a bolar a arte da capa e o marido de uma professora da pré-escola fez um empréstimo. 

Intitulada SER André Werkhausen Boone, porque "eu sou eu", conta rindo, a autobiografia é um apanhado da sua história desde a época em que tinha 13 anos, quando teve os primeiros sintomas da perda de visão. 

— Conto desde abril de 2006, quando tive os primeiros sinais da doença até a finalização. Falo do meu processo de reabilitação, como é o meu cotidiano, como foi a mudança do "eu enxergava e a agora não enxergo". Tem histórias bem-humoradas e também o momento mais tenso, quando tive tetraplegia. 

Antes de assinar sozinho um livro, também participou, em 2017, como coautor de uma obra chamada Histórias de Baixa Visão, na qual relatou as diferenças em ter pouca e nenhuma visão. Neste ano, além de ser patrono da Feira, André também vai lançar um audiolivro. 

— Fui pego de surpresa. Quando minha mãe leu a carta do convite não consegui segurar a emoção. É uma honra muito grande ser patrono na minha cidade natal. E a questão de ser o primeiro patrono cego do Brasil abre caminhos. Quero que outras pessoas tenham oportunidades e sigam desenvolvendo a inclusão — comenta sobre a escolha.

Diagnóstico tardio 

Por três anos, André conviveu com a constante perda e retorno da visão. O quadro preocupou quando ele perdeu, por quatro meses, os movimentos dos dois braços e pernas. Depois de voltar a caminhar, a cegueira se tornou "um detalhe", diz. Entre a perda total do sentido e o diagnóstico da doença se passaram cinco meses: somente em agosto de 2009 é que ficou sabendo que sofria de neuromielite óptica (NMO), doença autoimune na qual o organismo não reconhece os canais de água (aquaporina) que existem no cérebro, na medula espinhal e no nervo óptico. 

De acordo com o neurologista e neuro-oftalmologista Alessandro Finkelsztejn, coordenador do Ambulatório de Neuroimunologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, há muito tempo esse problema era classificado como um tipo de esclerose múltipla. 

No entanto, há mais de uma década foi definida como doença própria, cuja prevalência é de cinco casos a cada 100 mil habitantes. 

— Os sintomas são a redução de visão uni ou bilateral, inflamação da medula, causando paraplegia ou tetraplegia. É um problema potencialmente grave, que precisa ter o surto reconhecido e tratado, bem como a indicação de um imunossupressor. 

Hoje, além de escrever, com ajuda de um software especial no computador, André também visita escolas para contar sua história.

Amigos(as)... 

Vamos prestigiar o evento que será realizado dia 31/08/2019 como apoio do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA)...Inscrições para o evento no email...

eventoempoa2019@gmail.com


Esclerose múltipla é o principal fator de incapacidade em adultos jovens.

17/08/19

Ao acordar numa manhã de sábado, em maio de 2017, com um braço e a barriga dormentes, a bióloga Aline Melo percebeu que era o momento de procurar um médico e investigar o que sentia. Em agosto daquele ano, ela descobriu que tinha esclerose múltipla — uma doença neurológica, crônica e autoimune, cujos anticorpos atacam o sistema nervoso central.

— Os médicos acreditam que a doença começou em 2015, quando eu tentei levantar da cama e não consegui de tão tonta que eu estava. Fiz tratamento para labirintite e não melhorou nada — lembra a jovem, que tem 25 anos.

A esclerose múltipla é mais comum nas mulheres (com prevalência de duas para cada homem), com idades entre 20 e 40 anos, e brancas. Isso não significa que a doença não possa aparecer em pessoas fora destas características.

— Esta é a principal causa de incapacidade não traumática em adultos jovens — afirma Gutemberg dos Santos, coordenador do Departamento Científico de Neuroimunologia da Academia Brasileira de Neurologia Regional Rio de Janeiro.

A esclerose múltipla ataca a bainha de mielina, uma capa gordurosa que protege as células nervosas. Ela é responsável pela rapidez dos impulsos nervosos.

— Quando essa região fica inflamada ou começa a ser degenerada, observamos uma lentificação ou até mesmo a interrupção de alguns impulsos nervosos. Quanto mais cedo o diagnóstico for feito, melhor será a evolução da doença— explica o médico.

Para chamar a atenção do público em geral para a doença, está montada hoje a Mini Casa da Esclerose Múltipla na Universidade Estácio de Sá do Rio Cumprido, das 9h às 17h.

— Um evento como este é muito importante porque, como a esclerose múltipla é considerada uma doença rara no Brasil, poucas pessoas a conhecem. E a falta de informação pode gerar muitos preconceitos — diz Aline, uma das personagens da exposição.





Tremedeira no olho pode ser causada por estresse e até mesmo tumores...

Estresse, excesso de cafeína, ansiedade e falta de sono são as causas mais comuns relacionadas ao tremor...

Tremor nas pálpebras: causas vão de estresse a tumores...

Em dias de estresse, ansiedade, falta de sono e excesso de cafeína, um sinal de que algo não vai bem está no olhar: pálpebras tremendo. Embora essas sejam as causas mais comuns do tremor (aquele repuxar quase imperceptível que só sente quem prestar atenção), especialistas indicam que quem tem os sinais com frequência deve ir ao médico.

"Na maioria das vezes, o fenômeno neurológico não implica em nenhuma doença, conforme explica Gustavo Franklin, médico neurologista do hospital das Clínicas da Universidade Federal do Paraná (HC/UFPR), mas é preciso um olhar de especialista, visto que os tremores podem ter causas variadas.

Quando falamos de pálpebras tremendo, remetemos a vários fatores. O estresse está relacionado àquela contração involuntária, rápida, geralmente unilateral [um lado só], chamada de mioquimia. 

É o movimento involuntário de contração de uma fibra muscular nas pálpebras. Mas nem tudo é mioquimia, reforça o médico. 

Doenças que puxam a pálpebra

Há contrações que, ainda que ocorram de um lado do rosto, acabam por puxar o olho ou mesmo fechá-lo totalmente. Em outros casos, o tremor fecha os dois olhos ao mesmo tempo. Esses dois sintomas não são decorrentes do estresse ou excesso de cafeína, mas de doenças mais importantes.

“Podem ter causas que o desencadeiem, como a presença de um tumor, ou mesmo ter causa idiopática, desconhecida. A própria mioquimia pode ocorrer por uma doença neurológica, como a esclerose múltipla ou tumores cerebrais. Mas, nesse caso, [os tremores] são mais repetitivos”, reforça Franklin.

Algumas contrações são tão significativas que, além da pálpebra, acabam afetando outros grupos musculares no rosto, como a língua. “A mioquimia, na maioria das vezes, é benigna e idiopática. 

A minoria é causada pela Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) ou tumores do tronco cerebral. Mas grande parte das vezes a causa é benigna”, diz o neurologista. 

De acordo com Reginaldo Oliveira Filho, hospitalista clínico do hospital São Vicente, em Curitiba, há ainda causas oftalmológicas que podem resultar em tremores. 

“Existem algumas doenças oculares que fazem isso, como a ceratite, doença da córnea, e doenças neurológicas, que atuam na placa neuromotora e que se manifestam como esses espasmos musculares”, diz."

"O que diferencia esses casos dos espasmos benignos é a intensidade do sintoma: “Se for algo esporádico, e em um movimento pequeno, geralmente a causa é estresse ou cansaço. Mas se é algo que atrapalha a vida do paciente, então é preciso investigar”, completa o hospitalista clínico.

Tratamentos

A primeira etapa para o tratamento dos tremores nas pálpebras, conforme explica Reginaldo Oliveira Filho, hospitalista clínico, é a anamnese do paciente, ou uma entrevista, que verifica a frequência do sintoma e outros detalhes de estilo de vida.

“Assim é possível mensurar se tem algum fator de risco, ou sintomas de outras doenças que podem trazer o tremor. 

Pessoas com rinite, por exemplo, podem coçar o olho, gerar uma inflamação, e favorecer o tremor. Problemas com o olho seco, decorrente de alguma medicação, também podem levar ao tremor”, reforça o médico.

Os tratamentos visam atingir a causa principal do sintoma — seja reduzindo o estresse ou a condição que levou ao tremor. 

Quando é algo que atrapalha a qualidade de vida, há inúmeras alternativas, como a aplicação da toxina botulínica. 

Se a causa for uma deficiência em nutrientes ou vitaminas, a suplementação pode ajudar”, diz o hospitalista."



Projeto desenvolve ferramentas que ajudam a lidar com a esclerose múltipla...

23.04.2019
O objetivo é ajudar os pacientes a lidarem com a doença e capacitá-los para o plano terapêutico...
Um grupo de profissionais de saúde desenvolveram uma ferramenta de apoio para os familiares e doentes de esclerose múltipla, que ajuda os pacientes a lidarem com a doença e os capacita para o plano terapêutico.

"Para as pessoas viverem com uma doença crónica, como é o caso da esclerose múltipla, é importante que tenham conhecimento sobre ela e o estilo de vida a adotar para lhe fazer face", disse à agência Lusa a enfermeira Berta Augusta, uma das mentoras de quatro guias visuais de aprendizagem sobre a doença.

Segundo a enfermeira do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), "é importante que os doentes aprendam e saibam gerir os sintomas porque, quanto mais sobre a terapêutica, melhor".

"É o conhecimento que me capacita para eu fazer a autogestão da minha doença", sublinhou.

A construção de quatro guias visuais sobre a condição da doença e suas implicações na vida do doente e família/cuidador foi trabalhado pelas enfermeiras Berta Augusto, Isabel Ribeiro e Liliana Escada, do CHUC, e por Ana Matilde Cabral e Rita Simões, enfermeira e neurologista do Hospital Beatriz Ângelo, em Loures.

O projeto chama-se "Percursos da EM - Olhar, Pensar e Agir na Esclerose Múltipla" e já foi certificado pela Organização Internacional de Enfermeiros de Esclerose Múltipla, a primeira e única organização mundial focada exclusivamente nas necessidades e objetivos dos profissionais que acompanham este tipo de doentes.

Os guias serão utilizados em sessões educativas em grupo, num máximo de 10 pessoas, sob a orientação de um enfermeiro, funcionando como estímulo para a partilha de experiências e vivências e permitem aos doentes rever conceitos aplicados à doença, possibilitando a aquisição de conhecimentos.

Cada guia é dedicado a um tema diferente: "A Viagem pela Esclerose Múltipla - Gestão da Doença" (sistema nervoso central, mecanismos fisiopatológicos, tipos de doença, factos e mitos acerca da doença, consequências sociais, principais sintomas), "Mercado Sustentável - Estilo(s) de Vida Saudável" (alimentação, exercício físico, atividades recomendadas e não recomendadas, hábitos de vida saudável), "Parque Sintomático - Gestão de Sintomas" (conselhos para o doente gerir os seus sintomas visuais, sensitivos, sexuais, de equilíbrio, cognitivos, motores, entre outros), e "Marina Terapêutica - Gestão Terapêutica" (apoio na gestão da terapêutica, explicando formas de administração, posologias das terapêuticas disponíveis).

"Esta ferramenta é um recurso visual, com imagens muito bonitas que falam sobre a doença e todos os seus aspetos, mas tem particularidades interessantes, desde logo a interatividade do guia de aprendizagem, que faz com que as pessoas se vão envolvendo e sendo esclarecidas", sublinhou a enfermeira Berta Augusto.

O projeto foi apresentado no dia 13 de abril a um grupo de enfermeiros do CHUC e vai testado em pessoas com esclerose múltipla desta unidade e no Hospital Beatriz Ângelo, em Loures.

Ainda não existe data para o início dos testes nas duas estruturas hospitalares, mas Berta Augusto gostaria "que ainda fosse antes do próximo período de férias, em junho ou julho, ou então logo no início de setembro".


Aposentadoria por Invalidez: Veja se você tem direito a receber 25% a mais...

9 de fevereiro de 2019

Muitas pessoas não sabem, ou melhor, desconhecem, os seus direitos, o que é extremamente normal, pois nem os operadores do direito tem conhecimento de todas as centenas de milhares de leis existentes em nosso país. Pois bem, existe uma lei (8.213/91), que dispõe sobre os benefícios da previdência, que enumera uma série de doenças graves e os direitos que os portadores de tais doenças possuem.

Vejam quais são:

· Tuberculose ativa;

· Hanseníase;

· Alienação mental;

· Esclerose múltipla;

· Hepatopatia grave;

· Neoplasia maligna;

· Cegueira;

· Paralisia irreversível e incapacitante;

· Cardiopatia grave;

· Doença de Parkinson;

· Espondiloartrose anquilosante;

· Nefropatia grave;

· Estado avançado da doença de Paget (osteíte deformante);

· AIDS;

· Doença com base em conclusão da medicina especializada.

Pois bem, dias desses resolvi deixar o carro em casa e ir de uber a uma audiência trabalhista. Voltando da audiência, o motorista viu que eu era advogado – pelos trajes e pelo local onde me pegou – e meio sem jeito perguntou se poderia fazer uma pequena consulta sobre uma dúvida que tinha, prontamente disse que sim. Então ele me relatou que a mãe dele recebe pensão por morte e que esta acometida de câncer – neoplasia maligna, uma das doenças elencadas como doenças graves.

Pois bem, disse para ele que em caso de aposentadoria por invalidez, quando a pessoa necessita de cuidados permanentes, ou seja, precisa de ajuda para os atos mais básicos da vida, como alimentar-se, tomar banho , passear, etc, o acréscimo seria devido.

Já no caso da mãe dele, que recebe pensão por morte, o acréscimo é discutível, mas na minha visão, apesar de não possuir previsão legal, também seria devido, pois a natureza do auxílio é o mesmo, uma ajuda para aqueles que necessitam de maiores cuidados.

A partir do questionamento dele, resolvi escrever o presente artigo a título de informação as pessoas que por acaso estejam nessa situação e não saibam que tem direito.

Para quem é aposentado por invalidez e possui doença grave elencada na lei, bem como necessitar de cuidados especiais para os atos da vida civil, tem direito a receber o acréscimo de 25% na sua aposentadoria. 

Já para os que recebem pensão por morte, não há previsão legal, mas, por entendimento pessoal, entendo que também teriam direito ao recebimento do acréscimo em sua pensão.

BEXIGA HIPERATIVA: SAIBA O QUE É E O QUE PODE AGRAVAR OS SEUS SINTOMAS...


As explicações são do médico Paulo Temido, especialista em Urologia no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) e presidente da Associação Portuguesa de Neuro-urologia e Uro-ginecologia (APNUG)...

O conceito de bexiga hiperativa (BHA) é definido pela International Continence Society (ICS) como o seguinte quadro sintomatológico: urgência miccional com ou sem incontinência, habitualmente acompanhada de frequência urinária (mais de 8 micções por dia) e noctúria (necessidade de acordar 1 ou mais vezes durante a noite para urinar). Urgência, o elemento chave da bexiga hiperativa, define-se como o desejo súbito de urinar, difícil de adiar.

A bexiga hiperativa é primariamente um distúrbio neuromuscular, no qual o músculo da bexiga se contrai inapropriadamente enquanto esta se enche, o que pode levar a perdas de urina nos momentos menos apropriados e a grande desconforto. 

Pode resultar de causas neurológicas, tais como traumatismo da espinal medula, AVC, ESCLEROSE MÚLTIPLA, demência e doença de Parkinson ou de causas não neurológicas, tais como insuficiência cardíaca, insuficiência venosa periférica, ou toma de diuréticos. 

Há ainda um grande grupo, dito idiopático, em que a bexiga hiperativa ocorre na ausência de patologia neurológica, metabólica ou outros problemas conhecidos da bexiga.

Outros fatores como alterações de comportamento ou de hábitos (por exemplo, chegar a casa ou pôr a chave na porta), estímulos auditivos (por exemplo, ouvir água a correr), frio, consumo de comidas picantes, bebidas alcoólicas, gaseificadas ou com cafeína, podem desencadear episódios de bexiga hiperativa.

No inverno, para além de o frio ser já de si um estímulo, o facto de nos vestirmos com várias camadas de roupa pode ser um fator adicional para agravar episódios de bexiga hiperativa, nomeadamente transformar um episódio de urgência numa “urge-incontinência” com perda significativa de urina, especialmente em pessoas com limitações de movimentos.

Este é um problema muito frequente, sobretudo a partir da meia-idade (40 anos). A prevalência da bexiga hiperativa aumenta com a idade, contudo não deve ser encarada como parte do envelhecimento.

Nos EUA, de acordo com o estudo NOBLE (National Overactive Bladder Evaluation), a prevalência global da bexiga hiperativa é semelhante em homens (16%) e mulheres (16,9%), apesar de esta se desenvolver em idades mais avançadas nos homens. Um estudo efetuado em 6 países europeus determinou uma prevalência semelhante.

Um estudo efetuado em Portugal, pelo serviço de Epidemiologia da FMUP em 2008,  calculou prevalências de cerca de 30%, mas essa maior prevalência poderá dever-se a diferenças metodológicas do estudo.

O diagnóstico e tratamento adequados deparam-se com uma dificuldade: as pessoas habitualmente desvalorizam os sintomas de BHA, por acharem que são “normais da idade”. 

O diagnóstico da bexiga hiperativa pode ser efetuado com base na história clínica e através de exame físico, em conjunto com alguns exames e análises laboratoriais muito simples. 

Quanto ao tratamento da bexiga hiperativa, este é multimodal e visa reduzir os sintomas debilitantes, de forma a melhorar a qualidade de vida. Podem considerar-se três linhas de intervenção: educacional e comportamental, farmacológica ou interventiva.

A primeira centra-se nas alterações do estilo de vida e modificações comportamentais e inclui medidas dietéticas, perda de peso, regulação intestinal e otimização de outras comorbilidades, o treino vesical e a terapia muscular do pavimento pélvico. 

A terapia farmacológica potencia os resultados das medidas conservadoras, sendo que hoje em dia existem fármacos eficazes com adequada segurança e tolerabilidade.

Na terceira linha terapêutica incluem-se terapias minimamente invasivas como toxina botulínica e neuromodulação sagrada ou opções cirúrgicas. 

A bexiga hiperativa leva à perda de qualidade de vida dos doentes e altera de forma muito vincada as suas rotinas pessoais, sociais e profissionais. Felizmente hoje em dia a bexiga hiperativa tem boas opções de tratamento, pelo que esconder o problema não é um bom remédio.

Apresente o seu caso ao seu médico assistente, urologista ou visite a plataforma Comece Hoje.

As explicações são do médico Paulo Temido, especialista em Urologia no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) e presidente da Associação Portuguesa de Neuro-urologia e Uro-ginecologia (APNUG).

RISO OU CHORO INVOLUNTÁRIO PODE SER UMA DOENÇA...

2019-01-18

Trata-se de um transtorno de incontinência emocional mais comum em pacientes portadores de certas doenças neurológicas: Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), Esclerose Múltipla e Doença de Alzheimer, por exemplo. Ou que já sofreram Acidente Vascular Cerebral (AVC).

Conforme a dra. Jerusa Smid, do Departamento Científico de Neurologia Cognitiva e do Envelhecimento da Academia Brasileira de Neurologia (ABN), o afeto pseudobulbar pode ocorrer em lesões tronco-cerebrais, lesões do lobo frontal, sistema límbico, e em lesões subcortiais bilateriais e é  particularmente encontrada em indivíduos com quadros demenciais.

Não existe cura. 

Portanto, se você convive com um portador, não se assuste ao vê-lo rir por horas de qualquer situação que não tem a menor graça ou chorando copiosamente sem razão plausível.

Contudo, há tratamento que possibilita certo equilíbrio nas emoções. 

O mais comum é o medicamentoso. O problema é que o remédio ideal para controle do afeto pseudobulbar ainda não está liberado para a comercialização no Brasil.

“É possível também o uso de antidepressivos, antidepressivos tricíclicos ou antidepressivos inibidores seletivos de receptação de serotonina”, pontua dra. Jerusa.

Ela ressalta que, diferentemente do que se pode pensar, o distúrbio provoca bastante desconforto ao paciente e desgaste aos seus cuidadores por se tratar de situação incomum e, por vezes, constrangedora socialmente.

Fato é que as pessoas que sofrem desse mal, às vezes até sem saber, vivem um quadro emocional anormal, não habitual. Por ser pouco conhecido, a taxa de diagnóstico ainda não é a ideal, assim, quem é acometido pelo afeto pseudobulbar muitas vezes, em vez de receber tratamento adequado, ganha o rótulo de estranho ou inquieto.

Aposentadoria por invalidez...Tudo o que você precisa saber...

11 de janeiro de 2019

Quando uma pessoa sofre um acidente de trabalho ou uma doença grave, ela fica incapacitada de trabalhar e sendo assim, não consegue o dinheiro para sustentar sua família. Se isso acontece, caracteriza-se como invalidez. Quando isso acontece, muitas vezes é de maneira inesperada deixando a dúvida e insegurança financeira, então é preciso recorrer ao pedido de aposentadoria por invalidez.

Entenda como solicitar esse direito e quais os passos a seguir.

Quem tem direito?

Se a pessoa for considerada incapaz de trabalhar para trazer o seu sustento e de sua família, ela tem direito a aposentadoria por invalidez. Porém, precisa ser assegurado da Previdência Social. Não existe uma lista de doenças que restringe o direito a aposentadoria por invalidez, cada caso deve ser avaliado por um perito médico que irá avaliar e examinar o caso a afirmar a impossibilidade de uma rápida recuperação. Não existe restrição se a pessoa já estiver recebendo algum tipo de auxílio doença. Se ao se inscrever na Previdência Social o indivíduo já apresentar a doença, ela pode não ter direito ao benefício de aposentadoria por invalidez. A menos que a pessoa se torne incapaz devido ao agravamento da enfermidade.

Tempo de carência ou contribuição

Para ter direito a aposentadoria por invalidez, a pessoa precisa ter contribuído por pelo menos 12 meses com a Previdência Social, que é o tempo de carência. Há alguns requisitos que não necessita desse tempo de contribuição, como nos casos de acidente de trabalho, ESCLEROSE MÚLTIPLA, paralisia irreversível, doença de Parkinson, cegueira entre outras doenças que são listadas pelo Ministério de trabalho, Previdência Social e Ministério da Saúde. Outro caso é se a pessoa sofre acidente de qualquer tipo ou doença adquirida pela atividade laboral que realizada.

Enquanto permanecer impossibilitada de exercer qualquer trabalho que garantia o sustento, a pessoa tem direito a receber o benefício. A aposentadoria por invalidez não é vitalícia. É preciso passar por uma avaliação a cada dois anos (perícia do INSS), o que irá comprovar se a pessoa ainda se encontra incapacitada, se for comprovada a recuperação, o indivíduo deixa de receber a aposentadoria.

Valores pagos

A Previdência Social calcula como será realizado o pagamento, é uma média dos 80% maiores salários de contribuição, levando em consideração todo o período contributivo. 

Se houver necessidade de ajuda de um cuidador, enfermeiro permanente, é possível solicitar o aumento de 25% sobre esse valor.

Autorizado no Brasil, remédio de maconha é pouco prescrito por médicos...

30/12/2018

Canabidiol, a maconha medicinal...

Permitido pelo Conselho Federal de Medicina desde 2014 e com importação legalizada em 2015 pela Anvisa, o canabidiol, um componente da maconha, ainda é pouco prescrito pelos médicos no Brasil -- mesmo com evidências científicas de eficácia em alguns tratamentos. 

Em 2015, quando a prescrição passou a ser permitida, contabilizaram-se 321 pedidos médicos. Em 2018, o número de receitas cresceu 62% (520 prescrições até novembro), mas um valor ainda muito baixo, para um país de mais de 200 milhões de habitantes.... 

"Os médicos sentem-se inseguros em prescrever, principalmente pela dificuldade em encontrar informações, a falta de estudos clínicos robustos e de medicamentos em farmácias. Mas muitos ainda não acreditam no benefício terapêutico", diz a médica especialista em medicina funcional Paula Dall Stella, coordenadora científica da Associação Brasileira de Pacientes de Cannabis Medicinal. 

Há três anos, a Anvisa transferiu o canabidiol da lista de substâncias proscritas (proibidos) para a de controladas, isto é, pode ser vendida apenas com receita médica especial. 

Com efeito comprovado pela ciência no tratamento de epilepsia, em muitos casos o canabidiol é a única substância conhecida capaz de controlar crises graves de convulsão em crianças e adolescentes. As receitas médicas são necessárias para que as famílias de pacientes consigam entrar na Anvisa com pedido especial de importação de medicamentos que contêm a substância, nenhum deles produzidos no Brasil. 

A maioria desses medicamentos são óleos purificados, feitos de variedades da planta que contêm alta concentração de canabidiol e muito baixa de THC - outro componente principal da planta, responsável pelos efeitos psíquicos característicos do uso recreativo de maconha.

Divergências no Brasil Uma explicação para a pouca quantidade de médicos que receita remédios derivados de cannabis no Brasil são as restrições do Conselho Federal de Medicina, que só autoriza neurologistas, psiquiatras e neurocirurgiões a prescreverem o componente para casos específicos de epilepsia.

Pacientes com outras doenças que poderiam se beneficiar de efeitos terapêuticos da cannabis - como dores crônicas, sintomas do câncer, esclerose múltipla - enfrentam dificuldades para obter prescrição.

 Isso acontece porque os medicamentos que atendem essas outras condições têm quantidades de THC que ultrapassam as de canabidiol, mesmo que ligeiramente. É o caso do Sativex, indicado para controlar espasmos da esclerose múltipla, único remédio de cannabis registrado pela Anvisa no Brasil, como Mevatyl.

Homem leva caixa com "cannabis" à empresa que trabalha com maconha medicinal na Califórnia.

Apesar de a Anvisa ter registrado esse medicamento e receber pedidos de importação especial de remédios que contenham mais THC, com laudo médico, o Conselho Federal de Medicina mantém as restrições quanto ao THC.

Segundo o psiquiatra Salomão Rodrigues, conselheiro do CFM, se de um lado existem evidências que comprovam o uso seguro do canabidiol, de outro não há estudos que comprovem segurança do THC, que "mesmo em doses mais baixas pode causar danos graves e irreversíveis". Ele fala do risco de crises psicóticas de natureza esquizofrênica e de problemas de desempenho cognitivo, no caso de uso crônico e precoce (antes dos 15 anos de idade).

Em 2017 o Conselho se manifestou contra a decisão da Anvisa de incluir a Cannabis na relação de plantas medicinais.

"Nenhuma planta medicinal deve ser utilizada in natura. Este uso não traz segurança ao paciente quanto à dose da substância que está sendo administrada e seguramente cada tomada do 'remédio' terá uma dose diferente. Por outro lado, o paciente não estará usando apenas a substância que deseja, mas sim estará ingerindo muitas outras substâncias e corre o risco de ingerir uma ou mais que cause mal", diz Rodrigues.

Segundo Dall Stella, apesar de a maconha ser usada com fins medicinais há milhares de anos, a compreensão do sistema cerebral no qual atua - conhecido como sistema endocanabinoide - ainda é recente.

"O entendimento do sistema endocanabinoide é relativamente novo, e os medicamentos existentes não são utilizados na prática clínica. Hoje, existem pouquíssimas empresas farmacêuticas com medicamentos registrados e aprovados por órgãos regulatórios internacionais. Temos, de um lado, pouco conhecimento técnico tanto dos medicamentos como do sistema endocanabinoide; de outro, pouco incentivo da indústria em apoiar protocolos que utilizem a cannabis", diz.

Para Paula Dall Stella, "o Brasil é um país conservador, e ainda existe um tabu muito grande em relação à planta. A ignorância e o preconceito sobre o assunto dificultam muito o avanço".

A médica, que entrou em contato pela primeira vez com o uso medicinal da maconha ao verificar as melhoras dos efeitos colaterais da quimioterapia em um paciente de câncer que fez uso terapêutico da erva, afirma que a questão é mais complexa - os benefícios da planta podem ser resultado da ação conjunta de THC, canabidiol e outras cerca de 120 substâncias ativas da planta.

"Não é porque a Cannabis é um fitoterápico ou um medicamento 'natural' que ela não tenha efeitos colaterais ou interações medicamentosas. Mas ainda assim, é uma substância segura, quando bem utilizada', diz Dall Stella.

"Existe uma demanda por cannabis medicinal por parte dos pacientes, mas encontrar um médico que prescreva o tratamento e enfrentar a burocracia de importação é um desafio", diz Viviane Sedola, criadora da Dr. Cannabis, plataforma que conecta médicos que prescrevem compostos da cannabis, pacientes que buscam tratamento e empresas que fornecem os remédios.

Patrocinada pelas empresas fornecedoras, a plataforma dá informações sobre os trâmites burocráticos da autorização da Anvisa e da importação. "40% dos brasileiros sofrem dores crônicas, uma condição muito beneficiada pela cannabis, por exemplo. O Brasil tem potencial de se tornar um mercado bilionário de cannabis medicinal", diz.

Experiência no Uruguai 

A falta de uma "educação médica em cannabis" não é problema exclusivo do Brasil, segundo a médica uruguaia Raquel Peyraube, coordenadora acadêmica do Curso de Cannabis Medicinal e Endocanabinologia no Uruguai, oferecido pelo governo a médicos no país.

A falta de uma "educação médica em cannabis" não é problema exclusivo do Brasil, segundo a médica uruguaia Raquel Peyraube, coordenadora acadêmica do Curso de Cannabis Medicinal e Endocanabinologia no Uruguai, oferecido pelo governo a médicos no país.

No primeiro Congresso Internacional de Medicina Canabinoide, que aconteceu em São Paulo no fim do ano passado, Peyraube relatou os resultados de uma pesquisa que avaliou o uso medicinal da planta no país, que revelou que 58% dos usuários de cannabis medicinal o faziam sem nenhuma supervisão medica e que 23% consideravam os médicos incapacitados para receitarem cannabis de forma adequada.

"Os estudantes de medicina não têm acesso em sua formação a disciplinas sobre o sistema endocanabinoide - saem da faculdade sem saber como funciona esse importante sistema relacionado a tantas funções do organismo", diz Peyraube, destacando que a experiência no Uruguai ensina sobre a necessidade de uma educação da classe medica em cannabis em paralelo às mudanças na legislação, para evitar automedicação. "Médicos precisam de ferramentas de conhecimento para assim se sentirem seguros na prescrição da cannabis. Temos um histórico de mais de 4 mil anos de uso medicinal que não deve ser ignorado", diz Peyraube.

ESCLEROSE MÚLTIPLA É COMPATÍVEL COM GRAVIDEZ SEGURA,,,

29 Dez 2018


Um estudo, publicado a 26 de dezembro e realizado em hospitais portugueses, avaliou as consequências da esclerose múltipla para a gravidez e a saúde do recém-nascido. 



Os resultados indicam a ausência de impacto negativo na gravidez, mas que o tratamento pode afetar as características biométricas do nascituro.



“Pregnancy outcomes in Portuguese women with multiple sclerosis” (PREGNIMS) foi publicado esta semana na revista científica Multiple Sclerosis and Related Disorders. 



Este é um estudo coorte multicêntrico, conduzido em hospitais do Porto, Braga, Santa Maria da Feira, Coimbra, Covilhã e Lisboa, criado com o objetivo de descrever os efeitos da esclerose múltipla (EM) na gravidez de mulheres portuguesas portadoras de EM e na saúde dos filhos.



A EM é uma doença crónica, inflamatória e degenerativa que afeta frequentemente mulheres em idade fértil, podendo comprometer o sucesso de uma possível gravidez. Em Portugal, os dados sobre esta situação são escassos e continua a haver muitas perguntas por responder.



São vários os estudos publicados sobre os efeitos das “terapêuticas modificadoras da doença” (TMD) na gravidez e o estudo português concluiu que a EM não tem efeitos negativos na gestação. No entanto, é necessário recolher mais informação, para que haja uma base de dados fidedigna.



O PREGNIMS incluiu mulheres, acompanhadas nas clínicas participantes no estudo, que tiveram pelo menos um parto entre 2011 e 2015. Foram identificadas mais de cem gravidezes, mas apenas 97 foram consideradas elegíveis para a análise pretendida. 



Durante um ano foram recolhidos dados relativos à saúde materna, evolução da gravidez, parto e saúde do recém-nascido.



Os resultados mostraram que 5% das gravidezes terminou em aborto, o que foi concordante com resultados de outro estudo, e foram registadas complicações como diabetes gestacional e pré-eclampsia; 64% das mulheres não teve qualquer recaída, que é a manifestação sintomática característica da EM, no primeiro ano pós-conceção, 29% teve uma recaída e as restantes tiveram duas ou três recaídas; não foram registadas mortes perinatais e as malformações congénitas foram mínimas, em apenas três recém-nascidos. Não se verificou impacto da doença no tipo de parto nem na duração da gravidez.



A exposição a TMDs, nomeadamente a fármacos imunomoduladores, durante a gravidez resultou na menor altura do recém-nascido, mas não teve impacto noutras variáveis. A exposição a TMDs também se relacionou com a maior duração das hospitalizações pós-parto, mas não com intervenções médicas diferentes.



Desta forma, o estudo demonstrou que a EM não tem impactos negativos na gravidez, mas que a exposição a TMDs durante a gestação tem alguns riscos associados para o recém-nascido. 



Contudo, continua a haver necessidade de discutir esta situação clínica, uma vez que a variabilidade existente entre as gravidezes e a escassez de dados continuam a assumir-se como problemas para a padronização de procedimentos clínicos.



MESMO COM ESTUDO TÉCNICO, ANVISA NÃO LIBERA CULTIVO MEDICINAL DA MACONHA...

23/12/201

Fischer tem autorização para importar o medicamento para a filha Anny...


Mesmo com estudo técnico concluído desde outubro de 2017, Anvisa não libera a importação de sementes e o cultivo da planta. Sem regulamentação, famílias precisam recorrer à Justiça ou a traficantes para conseguir tratamento para parentes...

Mesmo um ano e dois meses após ter concluído um estudo técnico, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) não liberou a importação de sementes para o cultivo medicinal da maconha. Para se ter ideia da morosidade, o México iniciou esse processo depois da equipe brasileira e já definiu o trâmite para a compra e o semeio da planta. 

Aqui, estudos técnicos estão prontos desde outubro de 2017. A regulamentação garantiria a associações e familiares de pacientes maior facilidade para o uso terapêutico. O Conselho Federal de Medicina (CFM) e a Associação Brasileira de Psiquiatria são contra.

O uso medicinal da maconha tem crescido no mundo, criando alternativas de tratamento para doenças como câncer cerebral, esquizofrenia, esclerose múltipla, hidrocefalia, epilepsia e convulsões. 

No Brasil, mais de 80 mil unidades de produtos à base da planta foram importados desde janeiro de 2015, quando a Anvisa liberou o uso médico-hospitalar de canabidiol. 

Quase 3 mil brasileiros conseguiram a licença para a compra neste período.

Importar esses produtos é complicado e caro. Alguns medicamentos podem custar R$ 3 mil por frasco. O primeiro passo para quem tem interesse no tratamento é conseguir uma receita especial com o médico. Depois disso, terá de enfrentar diversas etapas de autorização na Anvisa para a importação. Com a liberação em mãos, é possível comprar os produtos em sites internacionais e encaminhar a permissão de entrada no país para a Receita Federal. Em alguns casos, o prazo se arrasta por mais de um ano.

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Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, Holanda, França, Espanha, Itália, Suíça, Israel e Austrália são nações que apostaram no uso científico e na potencialidade de cura do uso da maconha e seus derivados. Na Califórnia, o uso foi autorizado em 1996 por meio de uma proposição de iniciativa popular. Há três anos, a Anvisa possui um grupo de trabalho com o objetivo de esclarecer os requisitos de segurança e de controle para o cultivo da planta e propor uma regulamentação para esse tipo de atividade. Contudo, poucos avanços foram implementados e recorrer ao Judiciário é o caminho para maioria das famílias.

Pai da primeira brasileira autorizada judicialmente a importar um derivado da cannabis para uso medicinal, Norberto Fischer enfrentou até 80 crises convulsivas por semana de sua filha Anny, diagnosticada com uma rara síndrome sem cura, a CDKL5. O medicamento deu à menina qualidade de vida. Ancorado em sua experiência, ele pede celeridade nos processos. “O prejuízo para as famílias ocorre em todos os sentidos. O Brasil perde em ganho de impostos, em avanços científicos e em desenvolvimento. Vamos continuar dependentes de outros países”, critica.

Agenda

O governo brasileiro tem uma agenda regulatória para o período 2017-2020. Antes de deixar o cargo, o diretor-presidente da Anvisa, Jarbas Barbosa, tentou avançar na regulamentação. Pediu celeridade ao processo que considera lento e ressaltou, por meio de procedimento interno, a urgência de as propostas serem avaliadas pela direção colegiada do órgão. Barbosa deixou o cargo em julho. No lugar dele, assumiu William Dib. O Correio procurou a Anvisa, que não comentou o caso.

Fischer está descrente com a agenda regulatória 2017-2020. “Espero que com o próximo governo tenhamos mais visibilidade política para esse processo. Vamos avançar, sem dúvidas, independentemente do governo. O mundo está caminhando para isso. Está provado cientificamente que traz benefícios. Não há mais dúvidas”, adverte. O pai de Anny emenda. “Se houvesse a descriminalização e a regulamentação, famílias não precisariam recorrer ao tráfico para tratarem os doentes. Pessoas de má-fé já produzem drogas e vendem no mercado para fins recreativos. A situação para fim terapêutico é outra”, conclui.

Na Anvisa, duas regulamentações, uma de cultivo da maconha e plantas controladas para pesquisa, e outra específica da droga para fins comerciais são debatidas. As propostas foram elaboradas pela área técnica da agência. As normas permitiriam que instituições públicas e privadas cultivem e desenvolvam medicação à base da planta no Brasil. A pesquisa com maconha e seus derivados é permitida no país. Contudo, os cientistas dependem de importações e os estudos precisam de autorização do órgão.

Sabrina, com a família, recebe canabidiol pela Secretaria de Saúde, mas às vezes falta...

Incerteza para pacientes
Sabrina Azevedo Filgueira, 11 anos, é autista em grau elevado e tem epilepsia. Ela faz uso do canabidiol — medicamento derivado da maconha. A menina foi a primeira a obter na Justiça, em 2013, a garantia de compra do remédio pela Secretaria de Saúde. Mesmo com a conquista, o tratamento é delicado. O pai dela, o analista de licitações Fábio Filgueira Virgulino de Sousa, 37, cobra a autorização para o plantio e o cultivo da planta. “Não houve avanços por parte da Anvisa em termos de políticas públicas. As conquistas estão na Justiça que se sensibiliza com a situação das famílias e concede a liberação. Ainda assim é um processo desgastante”, reclama.



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Para ele, a questão é de garantir oportunidade de tratamento e qualidade de vida aos pacientes. “Existe um lobby da indústria farmacêutica contra a produção artesanal, sobretudo pelo valor dos medicamentos comercializados. Outro ponto é o preconceito que ainda é muito forte”, conclui. Para se ter ideia dos custos, a renda média da família é de R$ 2,5 mil mensais. Quando a distribuição falha, eles têm de desembolsar R$ 1,2 mil por ampola.





Famílias têm se organizado para pressionar o governo para mudar as regras. Numa pesquisa na internet, aparecem mais de 50 grupos espalhados pelo país. Uma das mais atuantes, a Associação Cannab apoia o uso do óleo extraído da maconha como tratamento médico. A entidade almeja conseguir autorização para realizar o plantio, estudo e pesquisa para fins medicinais e científicos.

 Posição contrária

O Conselho Federal de Medicina (CFM) é contrário à flexibilização das regras e à modificação da lei. “A categoria profissional médica, por não legislar, pode se manifestar e denunciar a falta de necessidade do projeto pelo risco da utilização de produtos não padronizados de qualquer natureza”, alega em manifesto. Na mesma linha, a Associação Brasileira de Psiquiatria pede mais cautela. “Feitos de forma caseira, sem nenhum controle de teores de canabidiol, podem colocar em risco a vida dos pacientes, uma vez que não existirá padrão farmacológico garantido, que possa direcionar dosagens seguras”, critica.



O uso de maconha e de seus derivados para fins medicinais ou científicos pode ser autorizado por um projeto de lei. O texto defendido pela senadora Marta Suplicy (MDB-SP) altera a Lei de Drogas. No início de dezembro, a Comissão de Assuntos Sociais do Senado aprovou o relatório que libera a importação de plantas e sementes, o plantio, a cultura e a colheita da cannabis sativa, exclusivamente para tratamentos de saúde, em local e prazo predeterminados e mediante fiscalização. A quantidade deve obedecer à prescrição médica.



A senadora defende que o fundamental do projeto é descriminalizar a pessoa responsável — a mãe, o pai, ou o familiar — que necessita fazer uso artesanal do óleo da maconha para cuidar de pacientes que receberam prescrição médica para tratar dessa forma a doença. “São pessoas que, na maioria das vezes, não têm condições de manter o tratamento de outro modo. Acentuo: o projeto é exclusivamente para quem tem prescrição médica”, explica. 


Estudo revela o impacto de ser cuidador de doentes com Esclerose Múltipla...


A Merck, uma empresa líder em ciência e tecnologia, anunciou recentemente os resultados de um estudo na área de ESCLEROSE MÚLTIPLA que reflete o impacto que a doença tem, não só na vida dos doentes, mas também na vida dos seus cuidadores.


O estudo que deu origem ao relatório “Viver com Esclerose Múltipla: A Perspetiva do Cuidador” foi desenvolvido em colaboração com a IACO e a Eurocarers para examinar as experiências de 1.050 cuidadores de doentes com esclerose múltipla. 

Continha 32 questões e foi implementado em sete países (EUA, Canadá, Reino Unido, França, Alemanha, Itália e Espanha). O estudo conclui que quase metade (48%) dos participantes se tornou cuidador de um doente com EM quando tinha menos de 35 anos e cerca de um em cada três cuidava de alguém há 11 anos ou mais.

Dos 1.050 cuidadores de doentes com esclerose múltipla entrevistados, 64% deles eram mulheres e 34% eram homens. Sendo que 1 em cada 5 prestava cuidados a doentes com EM há mais de 16 anos.

As principais conclusões deste estudo sobre o impacto da EM na vida dos cuidadores são:

- 62% dos cuidadores afirmaram que nunca tinham entrado em contacto com outros cuidadores de doentes com EM para partilharem a sua experiência e obterem apoio (online ou pessoalmente)

- Apenas 15% dos cuidadores estabeleceram contacto com outros cuidadores ou associações de doentes para procurar ajuda sobre como lidar com os desafios do papel do cuidador;

- 43% e 28% dos cuidadores entrevistados relataram um impacto respetivamente na sua saúde emocional/mental e na sua saúde física;

- 34% afirmaram que ser um cuidador de um doente com esclerose múltipla impactou a sua situação financeira, mais de um terço (36%) afirmou que teve de faltar ao trabalho e, como resultado, 84% desses cuidadores relataram que as suas carreiras profissionais foram afetadas;

- Relativamente à questão sobre quais os maiores desafios para os cuidadores de doentes com EM, 20% respondeu que eram as questões de tensão emocional/mental; 12% afirmou ser a natureza imprevisível da EM na pessoa que cuidam; também 12% refere o medo em não haver esperança real de recuperação.

Apesar do impacto significativo que ser cuidador tem na vida destas pessoas entrevistadas, com base nos principais resultados apresentados, houve aspetos positivos partilhados pela maioria dos cuidadores: (93%) concluem a importância do carinho e sentimento que desenvolvem para com os doentes de EM que estão ao seu cuidado e 50% dos cuidadores reconheceram que este papel os tornou mais fortes enquanto pessoas.

“A EM pode ser uma doença devastadora para doentes e cuidadores, com as responsabilidades assumidas pelos cuidadores durante um longo período de tempo e intensificando-se à medida que a doença progride. Os cuidadores podem ter um impacto profundo na sua saúde física e emocional, mas também na sua vida financeira e profissional” – afirma Nadine Henningsen, Presidente do Conselho de Administração do IACO. “Não surpreendentemente, os resultados desta pesquisa reforçaram o grande número de jovens que estão a tornar-se cuidadores, muitas vezes ainda durante o período de estudantes.”

“Com a divulgação dos resultados deste estudo sobre o impacto da esclerose múltipla na vida dos cuidadores, a Merck procura por um lado aumentar a consciencialização sobre a doença e por outro encontrar novos caminhos para a superação dos desafios impostos pela EM quer para os pacientes quer para os seus cuidadores.” Pedro Moura, Managing Director da Merck Portugal.