ESCLEROSE MÚLTIPLA É COMPATÍVEL COM GRAVIDEZ SEGURA,,,

29 Dez 2018


Um estudo, publicado a 26 de dezembro e realizado em hospitais portugueses, avaliou as consequências da esclerose múltipla para a gravidez e a saúde do recém-nascido. 



Os resultados indicam a ausência de impacto negativo na gravidez, mas que o tratamento pode afetar as características biométricas do nascituro.



“Pregnancy outcomes in Portuguese women with multiple sclerosis” (PREGNIMS) foi publicado esta semana na revista científica Multiple Sclerosis and Related Disorders. 



Este é um estudo coorte multicêntrico, conduzido em hospitais do Porto, Braga, Santa Maria da Feira, Coimbra, Covilhã e Lisboa, criado com o objetivo de descrever os efeitos da esclerose múltipla (EM) na gravidez de mulheres portuguesas portadoras de EM e na saúde dos filhos.



A EM é uma doença crónica, inflamatória e degenerativa que afeta frequentemente mulheres em idade fértil, podendo comprometer o sucesso de uma possível gravidez. Em Portugal, os dados sobre esta situação são escassos e continua a haver muitas perguntas por responder.



São vários os estudos publicados sobre os efeitos das “terapêuticas modificadoras da doença” (TMD) na gravidez e o estudo português concluiu que a EM não tem efeitos negativos na gestação. No entanto, é necessário recolher mais informação, para que haja uma base de dados fidedigna.



O PREGNIMS incluiu mulheres, acompanhadas nas clínicas participantes no estudo, que tiveram pelo menos um parto entre 2011 e 2015. Foram identificadas mais de cem gravidezes, mas apenas 97 foram consideradas elegíveis para a análise pretendida. 



Durante um ano foram recolhidos dados relativos à saúde materna, evolução da gravidez, parto e saúde do recém-nascido.



Os resultados mostraram que 5% das gravidezes terminou em aborto, o que foi concordante com resultados de outro estudo, e foram registadas complicações como diabetes gestacional e pré-eclampsia; 64% das mulheres não teve qualquer recaída, que é a manifestação sintomática característica da EM, no primeiro ano pós-conceção, 29% teve uma recaída e as restantes tiveram duas ou três recaídas; não foram registadas mortes perinatais e as malformações congénitas foram mínimas, em apenas três recém-nascidos. Não se verificou impacto da doença no tipo de parto nem na duração da gravidez.



A exposição a TMDs, nomeadamente a fármacos imunomoduladores, durante a gravidez resultou na menor altura do recém-nascido, mas não teve impacto noutras variáveis. A exposição a TMDs também se relacionou com a maior duração das hospitalizações pós-parto, mas não com intervenções médicas diferentes.



Desta forma, o estudo demonstrou que a EM não tem impactos negativos na gravidez, mas que a exposição a TMDs durante a gestação tem alguns riscos associados para o recém-nascido. 



Contudo, continua a haver necessidade de discutir esta situação clínica, uma vez que a variabilidade existente entre as gravidezes e a escassez de dados continuam a assumir-se como problemas para a padronização de procedimentos clínicos.



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