26 de setembro de 2015
Conheça as estratégias de uma psicóloga especialista em ajudar as pessoas a adotarem e manterem o hábito do exercício regular.
Mesmo para quem tem a atividade física como um hábito, é comum aquela vontade de “matar” o treino. Cansaço, dor nas costas e muitas coisas para fazer em casa parecem bons motivos para desistir só por um dia. Mas quem conhece a si mesmo também sabe que poucos minutos de exercícios são capazes de oferecer energia, uma mente mais clara e disposição para dar conta de tudo.
A pesquisadora Michelle Segar, que dirige o Centro de Política e Pesquisa de Atividades Esportivas e de Saúde da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, defende que encarar o exercício como algo positivo e restaurador e que não é feito por obrigação, e sim, porque faz bem, aumenta as chances de continuar praticando, mesmo naqueles dias em que não há muita vontade.
Psicóloga, Michelle é especialista em ajudar as pessoas a adotarem e manterem o hábito do exercício regular, além de autora de No Sweat: How the Simple Science of Motivation Can Bring You a Lifetime of Fitness (Sem Esforço: Como a Simples Ciência da Motivação Pode Estimulá-lo a Se Exercitar Para Sempre, em tradução livre). Sua pesquisa mostrou que até aqueles que dizem odiar ou já desistiram da prática física várias vezes podem aprender a sentir prazer na atividade e continuar a praticá-la.
Uma pesquisa de Michelle e outros autores realizada há três anos concluiu que estimular qualquer atividade física para prevenir ou controlar doenças, emagrecer ou moldar o corpo, e prescrita em doses como se fosse remédio, não incentiva as pessoas a fazê-la nem a manter o hábito.
– A boa saúde não é a melhor maneira de tornar a atividade física relevante nem interessante o suficiente para se tornar prioridade na correria da vida – comentou ela em entrevista.
Embora pareça contraditório, estudos mostram que as pessoas que querem emagrecer e melhorar a saúde são as que passam menos tempo se exercitando. Isso vale até para os mais velhos, como indica a análise do comportamento de 335 homens e mulheres com idades entre 60 e 95 anos.
As recompensas imediatas que melhoram o dia a dia – mais energia, mais disposição, menos estresse e mais oportunidades de se encontrar com amigos e familiares – motivam muito mais, como concluíram Michelle e seus colegas.
– Prefiro encarar a atividade física como uma forma de revitalização e renovação. É como se fosse o combustível que me permite aproveitar melhor a vida e obter sucesso naquilo que mais importa – diz ela.
Em seu livro, Michelle descreve estratégias para tirar até os mais sedentários do marasmo, começando com maneiras para superar fracassos passados e sentimentos negativos que fazem com que a atividade física pareça mais castigo do que prazer. Veja ao lado.
Na rotina
- Em vez de recomendar meia hora por dia ou 10 minutos de doses de exercícios moderados três vezes por dia durante praticamente toda a semana, Michelle sugere que a pessoa se concentre na ideia do “tudo conta”, ou seja, subir pelas escadas em vez de pegar o elevador, limpar o jardim, dançar e até caminhar ao bebedouro. Aproveite as oportunidades que existem de movimentação no espaço da sua rotina e encare-as como algo que vale a pena.
- A autora também defende a aplicar a abordagem da alimentação nas atividades: tenha prazer com “pequenas amostras” de exercícios que estimulem o aumento gradual de seu “consumo”. É como as calorias dos petiscos, tudo conta. Ela compara essa escolha aos diversos sabores de um bufê de sorvete: opte pelo “sabor” da atividade física mais adequada para aquele momento. A neurociência da recompensa mostra que esse tratamento pode gerar e reforçar sentimentos positivos em relação à atividade física.
- Também é importante permitir-se fazer do cuidado pessoal, por meio dos exercícios, uma precedência. Michelle escreve: “Quando não priorizamos o nosso bem-estar porque estamos ocupados servindo a terceiros, nossa energia não se renova. Com isso, estamos sempre cansados, e nossa capacidade de prover para os outros fica comprometida”.
- Aqueles que fazem da atividade física uma prioridade não necessariamente têm mais tempo que os outros. A diferença é que eles fazem questão de abrir espaço para ela porque sabem que melhora o desempenho e a qualidade do dia a dia. Quanto mais energia você emprega para cuidar de si mesmo, mais energia terá para o resto.
- Para aqueles que acham que estão negligenciando a família em nome da boa forma, ela sugere um programa em grupo. A rotina pode ajudar a criar, inclusive, uma cultura saudável de atividade física na juventude.
- Mesmo aqueles que têm as melhores intenções estão fadados ao fracasso se estabelecem objetivos inatingíveis. Em vez de definir metas de desempenho, Michelle sugere uma “intenção de aprendizado” – isto é, aprender a ser flexível e deixar a preguiça de lado quando necessário.
- A qualidade supera a quantidade quando se trata de programar os exercícios a longo prazo. Quando uma tarefa de última hora interferir, não aborte a sessão. Dez ou 20 minutos de atividade é sempre melhor do que nada.
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