02/06/2014
A principal causa do câncer de pulmão é o tabagismo.
Estudo indica que cerca de um quarto dos
fumantes com falha específica no gene vão desenvolver câncer de pulmão
em algum momento da vida.
Um gene notoriamente vinculado ao câncer de mama tem sido apontado
também como responsável por um risco quase duas vezes maior de um
fumante vir a desenvolver câncer de pulmão, alertou um estudo publicado
neste domingo.
A descoberta, publicada na revista Nature Genetics, abre
possibilidades para o tratamento e a triagem dos indivíduos em risco de
desenvolver a doença, afirmaram os autores. "Nossas descobertas fornecem
evidências adicionais de suscetibilidade genética hereditária ao câncer
de pulmão", escreveram.
— Todos os fumantes correm um risco considerável de saúde,
independente de seu perfil genético, mas a probabilidade recai mais
fortemente naqueles com esta falha genética — pontuou Paul Workman,
vice-diretor executivo do Instituto de Pesquisas sobre o Câncer (ICR),
que participou do estudo.
Uma meta-análise com base em quatro estudos revelou que cerca de um
quarto dos fumantes com falha específica no gene BRCA2 vão desenvolver
câncer de pulmão em algum momento da vida, em comparação com 13% da
população em geral de fumantes. A análise comparou o DNA de 11.348
pessoas com câncer de pulmão e de outras 15.861 sem a doença.
"O vínculo entre o câncer de pulmão e o BRCA2 defeituoso, conhecido
por aumentar o risco de câncer de mama, ovários e outros, foi
particularmente forte em pacientes com o subtipo mais comum de câncer de
pulmão, denominado carcinoma de células escamosas", destacou o ICR em
um comunicado.
Vínculo genético mais forte
Outros genes já tinham sido relacionados ao risco de câncer de pulmão antes, mas o papel do BRCA2 era desconhecido.
A variante defeituosa, presente em 2% da população, "é a mais forte
associação genética com o câncer de pulmão já reportada", afirmaram os
autores do estudo.
"Os resultados sugerem que, no futuro, pacientes com câncer de pulmão
de células escamosas poderiam se beneficiar de medicamentos
especificamente projetados para serem eficazes em cânceres com mutações
no BRCA", informou o ICR.
"Uma família de medicamentos, chamada de inibidores de PARP, tem
demonstrado sucesso em testes clínicos no tratamento de pacientes com
câncer de mama e ovário com mutações no BRCA, embora não se saiba ainda
se poderia ser eficaz no câncer de pulmão", prosseguiu.
Os genes BRCA1 e BRCA2 (siglas para BReast CAncer susceptibility ou
suscetibilidade ao câncer de mama) são a causa mais conhecida de câncer
de mama hereditário.
No ano passado, a atriz Angelina Jolie anunciou ter
feito dupla mastectomia como medida preventiva após ter se submetido a
exames que revelaram que ela tem a mutação BRCA específica, apesar de
não ter sido diagnosticada com câncer.
A principal causa do câncer de pulmão é o tabagismo, embora se saiba que fatores genéticos aumentam o risco.
Segundo a Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer, o câncer
de pulmão é a causa mais comum de morte por câncer e se estima que tenha
sido responsável por quase uma em cada cinco mortes (1,59 milhão) em
2012. Também é o tipo mais comum de câncer, com uma estimativa de 1,8
milhão de novos casos em 2012.
Nós sabemos que a maior coisa que podemos fazer para reduzir as
taxas de morte é convencer as pessoas a não fumar, e nossas descobertas
deixam claro que isto é ainda mais crítico nas pessoas que têm
— um risco
genético subjacente — declarou o cientista que chefiou as pesquisas,
Richard Houlston.
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