Atualizado: 23/11/2013
Médica boliviana ensina cuidados básicos de saúde em comunidades do Amazonas.
São Paulo, 23 nov (EFE).- A solidariedade não conhece fronteiras, e
uma amostra disso é o trabalho que a médica boliviana Fátima López
realiza no estado do Amazonas, onde, há anos, ensina os cuidados básicos
de saúde para voluntários e líderes de comunidades indígenas e
ribeirinhas.
Sua paixão para conhecer o mundo, sua vocação
solidária e seus conhecimentos médicos, levaram esta boliviana, nascida
na cidade de Santa Cruz de la Sierra, a iniciar uma viagem sem retorno
para o Brasil, para ajudar a melhorar a vida de algumas das comunidades
mais pobres do país.
'Me considero uma cidadã do mundo. Minha
família são os moradores das comunidades onde desenvolvo meu trabalho,
onde cheguei com apenas uma mochila e um sorriso', explicou à Agência
Efe a médica, especialista em doenças tropicais.
Há três anos,
Fátima vive com comunidades ribeirinhas no interior do Amazonas, onde
ensina aos líderes comunitários algumas práticas médicas básicas para o
cuidado dos moradores de uma das regiões brasileiras, que como ela mesma
afirmou, é uma das mais carentes em atendimento à saúde.
Até o
momento, cerca de 80 pessoas foram formadas em mais de dez comunidades,
distribuídas nos municípios de Carreiro Castanho e Presidente
Figueiredo, dentro de um trabalho voluntário no qual 'são criados laços'
devido à falta de políticas públicas locais.
A profissional, que
visitou Manaus pela primeira vez em meados de 2000 para desenvolver uma
pesquisa sobre doenças tropicais, lembrou as dificuldades que os
habitantes da região passam para conseguir ter acesso aos serviços
básicos de saúde.
'Têm que pegar balsa, barco e caminhar durante
muito tempo (até chegar aos hospitais)', explicou a médica sobre o
percurso que os moradores têm que fazer para poder receber assistência
médica.
Segundo a doutora boliviana, quando conheceu essa situação
se sentiu na 'obrigação' de ajudar, por isso, em 2010 decidiu se
instalar no Amazonas para ajudar a melhorar a qualidade de vida dos
habitantes de municípios carentes de auxílio básico de saúde.
Nas
cidades de Carreiro Castanho e Presidente Figueiredo, os voluntários
formados se organizam em grupos para atender às pessoas que sofrem algum
tipo de problema de saúde. Além de ajudar na sua preparação, Fátima
também se encarrega de trazer profissionais brasileiros para participar
de conferências e conselhos de saúde.
'Eu gosto de cooperar. Às
vezes, as comunidades se sentem esquecidas, mas também, as pessoas têm a
possibilidade de aprender e ajudar os demais', afirmou.
A médica
boliviana vê com bons olhos o programa 'Mais Médicos', uma iniciativa do
governo de Dilma Rousseff que teve início em junho para suprir a falta
de profissionais nas áreas mais remotas e pobres do país.
No
entanto, considerou imprescindível que se continue trabalhando 'na
formação local' que, na sua opinião, vai contribuir com o programa 'Mais
Médicos'.
'As pessoas têm sede de aprender, e quando compartilhamos, elas se sentem queridas. São protagonistas', destacou.
O
trabalho de Fátima não seria possível sem a ONG 'Semeando Saúde', uma
associação sem fins lucrativos formada por um grupo de espanhóis que,
sob o lema 'ensinar, curar e prevenir para cultivar dignidade',
arrecadam fundos para continuar formando 'agentes de saúde' e ajudando à
população ribeirinha.
'Com eles, tenho uma família muito maior e,
juntos, fazemos diferença', disse a médica, visivelmente emocionada,
que sofre de Esclerose Múltipla, uma doença que, no entanto, não
conseguirá fazer com que ela abandone seu trabalho no Amazonas.
'Eu
e a doença somos como o encontro entre o Rio Negro e o Solimões,
caminhamos juntos e eu sou o Solimões, que vai mais rápido, e a Esclerose é o Rio Negro, mais lento, mas caminhamos juntos', explicou a
boliviana, que aprendeu com a doença que é preciso 'viver com alegria'.
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