Sequênciado pela primeira vez genoma de anfíbio

Matéria publicada em: 30/04/2010

Rã africana foi o primeiro anfíbio a ter a sequência genética desvendada

Pela primeira vez um grupo de investigadores conseguiu sequenciar o genoma de um anfíbio. Trata-se de uma espécie de rã africana, a Xenopus tropicalis, uma das mais utilizadas em laboratório e que se junta à lista de mais de 175 organismos, desde a mosca da fruta ao ser humano, cujo mapa genético foi quase totalmente desvendado.

O animal tem até 21 mil genes − quase tanto como o ser humano. A descoberta pode dar lugar a avanços importantes no estudo da saúde humana, já que o batráquio comparte connosco 1700 genes relacionados com doenças como o cancro, a asma ou patologias coronárias.


O estudo, publicado na Science, poderá ainda ajudar a compreender as causas da grande mortalidade de anfíbios em todo o mundo.


A sequência do genoma do Xenopus tropicalis é resultado do esforço conjunto de investigadores de vinte instituições científicas de todo o mundo, dirigidos por Uffe Hellsten, do Joint Genome Institute em Walnut Creek, na Califórnia.

O genoma desta rã, que vive nos charcos da África subsariana, é composto por mais de 1,7 mil milhões de bases químicas implantadas em dez cromossomas. Tem entre 20 e 21 mil genes, quase tanto como os humanos, cuja sequência é composta por 23 mil.

Rã partilha 1700 genes com o ser humano
As descobertas baseiam-se no DNA de apenas uma rã africana. Este material foi dividido em pequenas partes que multiplicaram muitas vezes para serem enviadas para os laboratórios de todo o mundo.

“É um grande avanço. Agora começa o verdadeiro trabalho: compreender como e quando os genes são activados e como funcionam durante o desenvolvimento de uma doença”, explica Jacques Robert, investigador de imunologia da Universidade do Rochester Medical Center. A equipa identificou as regiões do genoma da rã onde os genes estão ispostos quase do mesmo modo que no ser humano e na galinha.


Genoma ancestral

Estas zonas comuns são essencialmente fragmentos de um genoma antigo que o homem e a rã compartilharam nas primeiras etapas do desenvolvimento, que remonta ao tempo anterior em que tomaram caminhos distintos − há 360 milhões de anos – o último antepassado comum de todos os mamíferos, aves, rãs, salamandras e dinossauros que alguma vez viveram no planeta.

Já que os cientistas tentam compreender como funcionam os grupos de genes, esta investigação pode dar resposta a muitas dúvidas sobre o desenvolvimento de doenças cardíacas ou do cancro. Também poderá avançar com o conhecimento acerca do sistema imunológico e ajudar milhões de pessoas com asma, lúpus, esclerose múltipla, artrite reumatóide, cancro ou Alzheimer.

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