28/10/15, 10:37
Manchas brancas de diferentes tamanhos e formas, localizadas principalmente no rosto, mãos, pés, joelhos e cotovelos. Esse é o sinal mais claro do vitiligo, doença dermatológica benigna caracterizada pela perda da pigmentação natural da pele.
Os médicos ainda não sabem explicar ao certo o que causa o problema, mas a teoria mais aceita atualmente define a doença como autoimune. Uma disfunção no sistema imunológico faz com que as defesas do corpo ataquem os melanócitos, células responsáveis pela produção de melanina, que dá cor à pele.
“Como não sabemos exatamente por que o vitiligo ocorre, tratar fica mais difícil”, explica Dr. Beni Moreinas Grinblat, dermatologista do Einstein. “A indicação da melhor terapêutica vai depender do comprometimento de cada paciente, do tamanho da lesão, se ela está estável ou não. A indicação vai depender dessa série de critérios”, ressalva Dr. Simão Cohen, dermatologista do mesmo hospital.
O vitiligo é benigno, não prejudica a saúde física do paciente e não é contagioso. Atinge 1% da população brasileira, afetando igualmente ambos os sexos, e pode aparecer em qualquer idade, mas geralmente dá sinais até os 30 ou 40 anos. Pode ser definido como localizado (quando atinge apenas uma região pequena), generalizado (quando abrange regiões extensas), segmentar (quando está em apenas um segmento) ou universal (quando mais de 75% da pele está coberta por manchas).
De acordo com os especialistas, os locais mais difíceis de serem tratados são as extremidades, como mãos e pés. E quanto antes iniciar o tratamento, melhor o prognóstico. É possível estacionar a evolução das manchas ou repigmentar a pele. Escolher o caminho ideal para o paciente é um desafio para os médicos por não ser possível prever qual a resposta de cada organismo e à grande variedade de tratamentos disponíveis.
Novos medicamentos
Entre os mais recentes tratamentos está o kellin, substância de uso tópico feita com base no extrato de uma planta chamada Ammi visnaga. Ele é aplicado na pele e a pessoa deve se expor ao sol ou à radiação ultravioleta do tipo A (UVA). O produto, porém, ainda não é vendido no Brasil e não há consenso em relação à eficácia. “Há poucos trabalhos científicos a respeito que dizem que o tratamento é eficaz”, afirma Dr. Beni.
Em outra frente, o uso de imunomoduladores – tacrolimus e pimecrolimus – vem ganhando espaço. Como o próprio nome já diz, esses medicamentos controlam as células do sistema autoimune.
Outra opção é a utilização de uma nova forma de fototerapia com radiação ultravioleta do tipo B (UVB), a chamada narrow band, ou banda estreita. O paciente entra em uma cabine e os raios UVB induzem a proliferação de melanócitos. “A vantagem com relação aos raios UVA é a redução de efeitos colaterais”, explica o Dr. Beni.
Há quase cinco anos, os dermatologistas passaram a usar também o excimer Laser, uma energia luminosa que funciona no mesmo comprimento de onda dos raios UVB e estimula a produção de melanina da pele. “Tem sido utilizado como auxílio principalmente nos casos que não respondem aos tratamentos convencionais. Mas são necessárias muitas aplicações, feitas semanalmente, e a pele só começa a responder depois de 10 a 15 aplicações”, explica Dr. Simão.
Além das novas opções que vêm sendo adotadas pelos especialistas no combate ao vitiligo, a busca por remédios cada vez mais eficazes movimenta a produção científica. Centenas de estudos em vários países do mundo estão em andamento. O mais recente parece ser a utilização do bimatoprosta, hoje encontrado em um colírio utilizado para tratar glaucoma. Segundo os estudos preliminares, a substância parece ser eficaz na repigmentação da pele, mas os médicos ressaltam que ainda são necessários mais estudos científicos para poder considerá-lo como opção de tratamento.
Fonte: Hospital Albert Einstein
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