ESCLEROSE MÚLTIPLA...ENTENDA A DOENÇA EM QUE O ORGANISMO ATACA O PRÓPRIO SISTEMA NERVOSO

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Dia Nacional de Conscientização
30/08/2016 

Problema pode afetar visão, fala e movimentos


Uma doença que não tem sintomas muito bem definidos e ainda gera mais perguntas do que respostas, a esclerose múltipla acomete mais de 35 mil brasileiros e mais de 2 milhões de pessoas no mundo todo. Para diminuir as dúvidas, o preconceito e também disseminar informações sobre o problema, foi criado o Dia Nacional de Conscientização sobre a Esclerose Múltipla, que é lembrado a cada 30 de agosto.

Definida como uma doença autoimune, a esclerose múltipla ocorre quando o sistema imunológico ataca o próprio sistema nervoso central, prejudicando a comunicação entre neurônios e acarretando na perda de agilidade dos movimentos e até de outras funções neurológicas como a visão.

— São gerados anticorpos contra proteínas da bainha de mielina, que é o revestimento da maioria dos neurônios cerebrais e da medula. 

Essa camada é um acessório fundamental para que os impulsos elétricos atinjam a velocidade necessária para que os indivíduos tenham movimentos e ações de forma ágil e efetiva — explica o chefe do serviço de Neurologia e Oftalmologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Alessandro Finkelsztejn.

Com isso, o paciente pode perder os movimentos, ter problemas de equilíbrio, fala e visão, quadro que é muitas vezes confundido com problemas como demência e até mesmo Alzheimer. 

Finkelsztejn afirma que, embora menor do que há 10 anos, ainda existe preconceito em relação à doença. Segundo ele, muitas vezes o quadro é motivo de eliminação em processos seletivos de emprego e até julgamentos equivocados dentre colegas de trabalho.

Outro desafio que envolve a doença é a dificuldade de bater o martelo na hora de dar o diagnóstico: os sintomas nem sempre são claros e podem ser comuns a outras patologias.

— O diagnóstico se dá por um conjunto de critérios chamados de Critério de McDonald. 

Ele é baseado tanto no quadro clínico, como em exames de ressonância magnética de crânio ou medula — que pode sinalizar lesões típicas da doença —, de sangue e liquor (fluido que age como "amortecedor" para o córtex cerebral e medula espinhal) que servem para excluir outras doenças similares como lúpus, neuromielite óptica e infecções por HIV, HPLV e deficiência de vitamina B12 — diz o neurologista.

Ainda que as suas causas não sejam claras — estudos sugerem que possa haver predisposição genética e até mesmo relação com clima temperado e deficiência de vitamina D—, o que se sabe é que o sexo feminino é mais suscetível à doença e a faixa etária economicamente ativa, entre 20 e 40 anos, é a mais afetada. 

No Rio Grande do Sul, entre os pacientes com a doença, 70% são mulheres.

— Os mecanismos da esclerose múltipla vêm sendo estudados e identificados no mundo todo, o que possibilita uma melhora na indicação do tratamento e consequentemente na vida das pessoas afetadas — afirma a professora de neurologia da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO) Soniza Alves-Leon.

Hoje, os medicamentos disponíveis servem tanto para um tratamento a longo prazo quanto para amenizar os surtos. 

Os imunomoduladores e imunosupressores modificam o sistema imunológico, reduzindo a formação dos anticorpos que atacam o organismo e também agindo contra a progressão da patologia.

— Cabe lembrar que cada caso é um caso. 

É importante consultar um médico e não assumir conceitos gerais da doença, pois é preciso receber um tratamento customizado — orienta Finkelsztejn.

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