PARA DETECTAR O GLAUCOMA

30 de novembro de 2013      TESTE OCULAR
 
PESQUISA DE MINAS GERAIS REVELA MÉTODO QUE SERIA O MAIS EFICAZ NA PREVENÇÃO À DOENÇA.
 
 
Passar o dia em uma clínica medindo a pressão do olho pode parecer cansativo, mas é o melhor caminho para um diagnóstico precoce do glaucoma, segundo pesquisa desenvolvida pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). O estudo revelou que o exame da curva diária de pressão intraocular é o método mais eficaz de prevenção da doença, conhecida por ser silenciosa e ter o poder de levar à cegueira irreversível.

Esse mapeamento vê como a pressão se comporta. A da manhã é a mais importante, porque um percentual muito alto dos doentes tem o pico nesse horário – conta o professor titular de oftalmologia da UFMG, Sebastião Cronemberger, que conduziu o estudo.

Foram três anos de pesquisas no Hospital São Geraldo, em Belo Horizonte, unidade pertencente ao Hospital das Clínicas da universidade, onde cinco métodos de diagnóstico foram aplicados em 45 pacientes com suspeita de glaucoma. A análise dos resultados mostrou que, enquanto a curva foi positiva em 70% dos casos suspeitos, o segundo teste mais eficiente não chegou à metade disso.

Não existia um trabalho assim, e hoje cada médico faz o exame que quer – conta Cronemberger.

O especialista defende ainda uma curva mais detalhada, como a que é realizada há 50 anos no Hospital São Geraldo, em que o paciente é internado e, no dia seguinte, às 6h, faz uma última aferição, deitado e no escuro. O pesquisador percebeu que, como isso é bastante trabalhoso, muitos oftalmologistas fazem o controle por meio de outros métodos.

Não sei se esse comportamento vai mudar. Já aboli os outros exames da minha clínica. Acho que os colegas deveriam fazer o mesmo – sugere.

Apesar dos resultados da nova pesquisa, especialistas alertam para a importância de um diagnóstico a partir da realização de diversos exames. O médico Frederico Bicalho, com curso de doutorado em oftalmologia pela Faculdade de Medicina da UFMG, diz que não há um consenso sobre o teste mais adequado. Segundo ele, a curva realizada no Hospital São Geraldo, onde também trabalha, é importante, mas inviável na maioria das clínicas, que não dispõem de leitos para internação. Dessa forma, vários exames, juntos, podem ajudar a chegar a um diagnóstico mais consistente.

Todos são importantes. Existem centenas de trabalhos comparando os exames, considerando um ou outro o melhor – explica.


u Outros exames analisam fundo do olho e nervo ótico

A curva é apenas uma das análises, segundo Bicalho. Em geral, se a pressão do olho está acima de 22mmHg, o risco de glaucoma é alto. O médico deve também analisar o fundo de olho, no qual consegue ver se há uma escavação no nervo ótico, o que é um forte sinal da doença. Já o campo visual dá indícios se a pessoa começou a perder a visão periférica.

Se o médico quiser, também pode fazer outros exames mais específicos, como o teste da sobrecarga hídrica e a medida pormenorizada do nervo ótico. Há também a tonometria do contorno dinâmico, que ajuda a identificar com maior precisão a pressão ocular em casos difíceis, e a paquimetria corneana, que avalia a confiabilidade da medida da pressão. A gonioscopia, por sua vez, classifica o tipo de problema em que a pessoa se enquadra – diz.
 
O AVANÇO

O glaucoma crônico aparece devagar e demora décadas para levar à cegueira. Como é intimamente ligado ao histórico familiar, exames periódicos podem salvar as pessoas desse risco. O recomendável é uma consulta anual com o oftalmologista.

O tratamento é feito com colírio ou cirurgias a laser que baixam a pressão. A visão é comprometida quando há danos no nervo óptico, que leva todas as imagens capturadas pelo olho até o cérebro.

Embora possa aparecer no nascimento, a doença geralmente surge depois dos 40 anos. Após os 70, sua predominância triplica. Somente em estágios mais avançados, a visão periférica é afetada.

Pessoas que têm alta miopia, diabetes e são negras devem ficar mais atentas, pois estão dentro do grupo de maior risco de desenvolver o problema.
 

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