MEDICINA APERTA O CERCO AO COLESTEROL

31 de agosto de 2013 

CARDIOLOGISTAS BAIXAM OS NÍVEIS ACEITÁVEIS DE LDL DE GRUPOS DE RISCO E REFORÇAM ATENÇÃO ÀS MULHERES, CADA VEZ MAIS VÍTIMAS DE DOENÇAS CORONARIANAS



O controle dos níveis de colesterol ficará mais rígido para pacientes considerados de alto e médio risco. A nova diretriz da Sociedade Brasileira de Cardiologia, que será apresentada no congresso nacional da categoria, dia 28 de setembro, vai baixar as limites aceitáveis de LDL – o colesterol ruim – no sangue desses dois grupos e estratificar os riscos de maneira mais sensível, sobretudo em mulheres.

Desde 2007, os níveis máximos aceitáveis de LDL no sangue de um paciente de alto risco eram de 100 miligramas por decilitro, valor que agora cai para 70ml. Em situações de risco intermediário, a redução é de 130ml para 100ml. Para as demais pessoas, as metas de tratamento seguem individualizadas.

Editor da nova diretriz, o presidente do Departamento de Aterosclerose da Sociedade Brasileira de Cardiologia, Hermes Xavier, explica que a medida pretende combater a chamada “inércia terapêutica”, relaxamento natural quando não há sintomas clínicos.

– Muitos pacientes tomam remédio, hoje, e não estão na meta. Queremos apertar esse cerco, forçar os níveis para baixo, que os médicos busquem a meta. Sabemos, de maneira inequívoca, que quanto mais baixo (o LDL), melhor – diz Xavier.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde, em 2020 a maior causa de morte no mundo serão as doenças coronarianas, e o colesterol é um dos elementos mais importantes na gênese e estabilização dessas enfermidades. Entre os fatores de risco, que passam a ser medidos por um Escore Global, mais abrangente que o anterior, estão sexo, idade, pressão arterial, tabagismo, histórico de doença na família e ocorrências cardiovasculares anteriores. De acordo com Xavier, quando há mais de dois deles, certamente a pessoa precisa de tratamento.

As mulheres, a exemplo dos homens, entravam em grupos de alto risco quando tinham 20% de chance de sofrer um evento coronariano, como infarto ou derrame, em 10 anos. Agora, com 10% de chance, passam a ser tratadas com máxima atenção.

– A mortalidade da mulher por doença cardíaca tem aumentado e uma das possibilidades é que as metas estejam um pouco largas para elas – avalia o cardiologista Ricardo Rodrigues, do Centro do Coração de Londrina (PR).

Segundo Rodrigues, as diretrizes antigas eram de uma época em que as mulheres estavam mais protegidas. Hoje, elas estão mais estressadas, fumando mais, inseridas no mercado de trabalho. Ocorrências como o infarto passaram a incidir em uma população que era de baixo risco.

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