TÉCNICA ABRE PORTAS PARA A CRIAÇÃO DE VASOS SANGUÍNEOS EM LABORATÓRIO

27/12/2012 

Cientistas da Johns Hopkins University, nos EUA, guiaram células-tronco a se tornarem dois tipos diferentes de tecidos necessários para construir pequenas veias e artérias, noticia o site Isaúde.

A pesquisa abre portas para o crescimento de novos vasos sanguíneos em laboratório que podem ser usados para transplante em pacientes e podem ser benéficos para pessoas cujos sistemas circulatórios foram danificados por doença cardíaca ou diabetes.

"Esse é o nosso objectivo a longo prazo, dar aos médicos uma nova ferramenta para tratar pacientes que têm problemas nos vasos sanguíneos. Encontrar uma maneira de dirigir essas células-tronco a se tornarem 'blocos de construção' essenciais para criar essas redes dos vasos sanguíneos é um passo importante", afirma a líder da pesquisa Sharon Gerecht.

Gerecht e seus colegas focaram em células musculares vasculares lisas, que são encontradas dentro das paredes dos vasos sanguíneos. Dois tipos foram identificados: células sintéticas do músculo liso, que migram através do tecido circundante, continuam a se dividir e ajudam a suportar os vasos sanguíneos recentemente formados; e células contráteis do músculo liso, que estabilizam o crescimento de novos vasos sanguíneos e os ajudam a manter a pressão arterial adequada.

Para produzir essas células musculares lisas, os pesquisadores utilizaram células-tronco embrionárias e células-tronco pluripotentes induzidas. As células estaminais pluripotentes induzidas são células adultas que foram geneticamente reprogramadas para atuar como células estaminais embrionárias. As células estaminais foram usadas na pesquisa porque possuem o potencial para se transformar em tipos específicos de células necessárias para determinados órgãos dentro do corpo.

Em estudo anterior supervisionado por Gerecht, a sua equipa foi capaz de induzir células-tronco a se tornarem um tipo de tecido que se assemelhava a células musculares lisas, mas não se comportam muito corretamente. Nos novos testes, os investigadores tentaram adicionar várias concentrações de factor de crescimento e soro às células anteriores. O factor de crescimento é a 'comida' que as células consomem; soro é um componente líquido que contém células sanguíneas.

Quando eles adicionaram mais factor de crescimento e soro, as células estaminais sintéticos se transformaram em células do músculo liso. Quando um montante muito menor desses materiais foi adiccionado, elas tornaram-se células contráteis do músculo liso.

Segundo os investigadores, esta capacidade de controlar o tipo de células do músculo liso formada no laboratório pode ser crucial para o desenvolvimento de novos vasos sanguíneos. 

"Quando estamos a construir um vaso para levar o sangue, precisamos das células contráteis para fornecer estrutura e estabilidade. Mas trabalhando com pequenos vasos sanguíneos, as células sintéticas migratórias podem ser mais úteis", explica Gerecht.

No cancro pequenos vasos sanguíneos se formam para nutrir o crescimento do tumor. O presente trabalho também pode ajudar os investigadores a compreender como os vasos sanguíneos em tumores são estabilizados, o que poderia ser útil no tratamento do cancro.

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