INEFICAZ PARA SAUDÁVEIS

22 de dezembro de 2012

Medicamentos para déficit de atenção devem ser administrados com cuidado.

 

Ao contrário do que os jovens sadios acreditam, o uso de metilfenidato (vendido nas farmácias com os nomes Ritalina ou Concerta) – indicado para o tratamento de déficit de atenção – não altera a memória e a atenção durante os estudos ou mesmo no trabalho. Esta é a conclusão de uma pesquisa realizada pelo departamento de Psicobiologia da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (EPM/Unifesp), que concluiu que a memória e a atenção não foram alteradas nas pessoas que não tinham problemas após o consumo do ampliador cognitivo. Participaram da pesquisa 36 homens, com idade entre 18 e 30 anos, e que tinham, no mínimo, 11 anos de escolaridade.

Largamente utilizada para o tratamento do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), o metilfenidato tem eficácia para quem desenvolve uma desordem neurocomportamental, diagnosticada, na maior parte dos casos, durante a infância. Em adultos, assim como em crianças com TDAH, são observadas melhoras na atenção e nos níveis de concentração após o uso do medicamento.

Porém, de acordo com o estudo, não foram observadas diferenças nas funções cognitivas de pessoas sadias em nenhum dos testes.

A impressão de que o metilfenidato melhora o desempenho cognitivo em pessoas jovens e saudáveis se deve provavelmente ao efeito subjetivo de bem-estar. Os efeitos da administração desses fármacos em pessoas nessas condições devem ser avaliados com cautela, pois podem trazer efeitos colaterais ao organismo, como taquicardia, alteração da pressão arterial, insônia e tontura – explica a pesquisadora Silmara Batistela.

Uso indiscriminado preocupa
Atualmente, jovens sadios são pressionados a apresentar bons desempenhos, seja no trabalho ou nos estudos. Diversas pesquisas têm mostrado relatos de estudantes que dizem fazer uso de medicações estimulantes, legal ou ilegalmente, para um melhor desempenho acadêmico e, especificamente, para aumentar os níveis de concentração e organização.

O estudo analisou o efeito da administração aguda de três diferentes doses do metilfenidato sobre a memória e sobre a atenção de jovens saudáveis. O diferencial desta pesquisa foi a utilização de uma ampla bateria de testes neuropsicológicos, abrangendo diferentes funções cognitivas e diferentes tipos de memória, o que geralmente não se encontra em trabalhos atuais que restringem as avaliações a uma ou poucas funções cognitivas.

É importante que tais estudos sejam realizados para avaliar tal sugestão, assim como é importante que os resultados tenham uma ampla divulgação. Os médicos e a população devem estar conscientes da não eficácia de seu uso como um simples ampliador cognitivo – sugere Silmara.

Preservando as funções cerebrais

> Atitudes simples adotadas no dia a dia podem favorecer o bom funcionamento do cérebro, como ter uma boa alimentação e praticar exercícios físicos. Dormir bem também é fundamental para a atenção e concentração.

> Para “treinar o cérebro”, é importante praticar atividades que exijam raciocínio, concentração e entendimento. Hábitos de leitura, palavras cruzadas e outras atividades mentais são uma boa alternativa. Buscar sempre novos aprendizados e desafios também é muito importante para a saúde mental.

FONTE:http://www.clicrbs.com.br/zerohora/jsp/default2.jsp?uf=1&local=1&source=a3989762.xml&template=3898.dwt&edition=21055

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