PITADINHA PERIGOSA

10 de novembro de 2012

Redução do consumo de sal faria com que 1,5 milhão de brasileiros pudessem abolir a medicação para controlar a hipertensão

 

Apesar de ter papel importante no organismo e contribuir para um bom funcionamento do corpo, o consumo abusivo do sal de cozinha pode trazer problemas à saúde. O excesso de sódio, principal componente do sal de cozinha, está associado ao desenvolvimento da hipertensão arterial, de doenças cardiovasculares e renais, entre outras, que estão entre as primeiras causas de internações e óbitos no Brasil e no mundo.

O sódio é responsável pela regulação dos líquidos que ficam dentro e fora das células. Quando há excesso do nutriente, há uma alteração no equilíbrio entre esses líquidos. O organismo retém mais água, que aumenta o volume de líquido, sobrecarregando o coração e os rins. A pressão alta prejudica a flexibilidade das artérias e ataca os vasos, coração, rins e cérebro. Dados da Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel 2011) do Ministério da Saúde revelam que 22,7% dos brasileiros têm diagnóstico de hipertensão.

Por dentro, os vasos são cobertos por uma fina camada, que é lesionada quando o sangue circula com pressão elevada. Com isso, eles se endurecem e ficam estreitos, podendo entupir ou romper com o passar dos anos. O entupimento de um vaso no coração pode levar a um infarto e ao Acidente Vascular Cerebral (AVC), conhecido como derrame. Nos rins, podem ocorrer alterações na filtração do sangue e até a paralisação dos órgãos.

Recomendação é de cinco gramas por pessoa

A Organização Mundial de Saúde (OMS) estipula que o consumo máximo diário de sal é de menos de cinco gramas por pessoa. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revela, no entanto, que o consumo do brasileiro está em 12 gramas diários. Se o consumo de sódio for reduzido, os óbitos por acidentes vasculares cerebrais podem diminuir em 15%, e as mortes por infarto em 10%. Ainda estima-se que 1,5 milhão de brasileiros não precisaria de medicação para hipertensão e a expectativa de vida seria aumentada em até quatro anos.

De olho nos rótulos

Uma das maneiras mais práticas de diminuir o consumo de sódio é observar as informações nutricionais no verso das embalagens ao comprar alimentos industrializados. Se a quantidade for superior a 400mg em 100g do alimento, é considerado um alimento rico no nutriente, sendo prejudicial à saúde. É recomendável sempre por escolher aquele que apresentar menos sódio.

Além de reduzir a quantidade de sal no preparo da comida, podemos substituí-lo por outros condimentos, que inclusive vão dar um sabor melhor. É preferível utilizar ervas desidratadas e temperos naturais, como salsa, cebolinha, pimenta e outros.

O uso de temperos industrializados também deve ser evitado, pois contêm alto teor de sódio – recomenda Patrícia Jaime, coordenadora de Alimentação e Nutrição do Ministério da Saúde.

Para contribuir com a diminuição do consumo de sódio, o Ministério da Saúde firmou um acordo com a indústria alimentícia pela redução gradual do teor de sódio em alimentos processados. Desde 2011, governo federal fechou três termos de compromisso para que várias categorias de alimentos sejam produzidas com menos sódio.

A previsão é de que, até 2020, estejam fora das prateleiras mais de 20 mil toneladas de sódio. O acordo determina acompanhamento das informações da rotulagem nutricional dos alimentos e as análises laboratoriais de produtos coletados no mercado.


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