PESQUISAS CONFIRMAM QUE TER AMIGOS FAZ BEM À SAÚDE

The New York Times  05/10/2012

Não é a quantidade, mas a qualidade dos relacionamentos que importa.
Solidão crônica está associada a problemas de pressão arterial alta, doença cardíaca coronária, diminuição da resposta imunológica, depressão, dificuldades de sono, declínio cognitivo e demência.



Morremos sozinhos, dizem os filósofos. Mas podemos morrer mais cedo se passarmos a vida sozinhos. Vínculos próximos com amigos e familiares podem afastar problemas de saúde e uma morte prematura, sugerem pesquisas recentes.

A solidão é um fator de risco quanto ao declínio funcional e à morte prematura em adultos que têm mais 60 anos, de acordo com uma pesquisa da Universidade da Califórnia, em São Francisco, publicada em julho. Mais de 43% dos 1.604 participantes do estudo, que durou seis anos, relataram que se sentiam excluídos, isolados e sem companhia com frequência. A maioria das pessoas solitárias (62,5%) era casada ou não morava sozinha — uma indicação de que se sentir solitário e estar sozinho não são a mesma coisa. 

Não é a quantidade, mas a qualidade de seus relacionamentos que importa — diz a geriatra Carla Perissinotto, que liderou o estudo.

A pesquisa não investigou por que as pessoas diziam se sentir solitárias. A solidão é biológica? Ou ela é socialmente mediada? Quais são os mecanismos em jogo? De quais intervenções práticas poderíamos nos utilizar? Para Carla, esse precisa ser o próximo passo da pesquisa.

Os efeitos da solidão para a saúde não devem ser ignorados. As pessoas solitárias não têm a iniciativa de conversar com um médico ou com os filhos. E se elas não conversarem com ninguém a respeito, ninguém vai tomar conhecimento — alerta.

Outras pesquisas descobriram que a solidão crônica está associada a problemas de pressão arterial alta, doença cardíaca coronária, diminuição da resposta imunológica, depressão, dificuldades de sono, declínio cognitivo e demência. 

Até o momento, os pesquisadores ainda não compreenderam o modo como a solidão prejudica a saúde e acelera o envelhecimento — diz a psicóloga Louise Hawkley, da Universidade de Chicago.
As pessoas cronicamente solitárias, estimadas em 20% da população em geral e até 40% dos adultos com mais de 65 anos, podem ter problemas por causa da maneira como concebem as outras pessoas, conforme Louise. 

Em vez de procurar por sinais de aceitação vindos dos outros, as pessoas solitárias ficam em alerta procurando por sinais de rejeição — diz a psicóloga.
Segundo ela, a terapia cognitiva comportamental focada na identificação e reformulação de pensamentos sociais negativos pode ajudar as pessoas que têm um senso de isolamento social.

É preciso aprender a renovar as amizades

Mudanças de endereço, doenças e a aposentadoria são eventos comuns na vida da população de meia-idade, exigindo um esforço consciente para reconstruir uma rede social, comenta o psiquiatra George Vaillant, professor da Escola de Medicina de Harvard.

Da mesma forma que nos exercitamos, pagamos impostos e mantemos uma alimentação saudável, precisamos começar a substituir os amigos assim que os perdemos, particularmente quando chega a época da aposentadoria — recomenda Vaillant, autor do livro "Triumphs of Experience: The Men of the Harvard Grant Study" ("Triunfos da Experiência: O Homens do Grant Study de Harvard"), baseado em uma das maiores pesquisas sobre o envelhecimento já realizadas no mundo.

Iniciada em 1938, a pesquisa monitorou a saúde física e emocional de 268 alunos de Harvard. O estudo mostra que os relacionamentos são o segredo do envelhecimento saudável. Vaillant aconselha a cultivar amizades com pessoas mais jovens por conta de sua energia e do frescor de sua visão de mundo. 

É preciso se interessar em alguém diferente de si mesmo. É por isso que o voluntariado é tão importante, é a única maneira de parar de pensar no seu próprio, único e maravilhoso ego é pensar nos outros — ensina.

O egocentrismo não foi problema para o bibliotecário Richard Anderson, 67 anos. Ele se tornou voluntário da Associação Well Spouse, um grupo de apoio, depois de muito tempo sendo o principal cuidador de sua esposa, que morreu em 2004, após décadas sofrendo de uma enfermidade debilitante. Cuidando da esposa, Anderson descobriu que as próprias doenças podem provocar isolamento. 

À medida que uma doença avança, os amigos passam a ter mais dificuldade de se relacionar conosco. E se não há possibilidade de cura, algumas pessoas não conseguem lidar com isso e se afastam — conta.

Depois de entrar no grupo, ele conheceu cuidadores de cônjuges com quem manteve contato.
Mesmo que percamos amigos antigos durante uma doença, ainda é possível fazer novos amigos que vão aceitar a nossa situação pelo que ela é — revela Anderson, que veio a se casar novamente.

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FONTE:http://zerohora.clicrbs.com.br/rs/vida-e-estilo/bem-estar/noticia/2012/10/pesquisas-confirmam-que-ter-amigos-faz-bem-a-saude-3906697.html

 

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