COLESTEROL, NÃO VACILE NA COMIDA

15 de setembro de 2012

Entenda qual a influência do colesterol no organismo e como controlar seus índices com hábitos corretos

 

Infarto e Acidente Vascular Cerebral (AVC). Dois dos mais temidos infortúnios que podem ocorrer com qualquer pessoa ocorrem em função de uma obstrução de uma artéria ou uma veia, provocada por uma criação do próprio corpo: o colesterol. Mas há quem não saiba que, sem ele, seria impossível sobreviver.

Embora haja os tipos “bom” e “ruim” de colesterol, ambos são necessários para produzir desde membranas celulares até hormônios. A diferença entre eles é que um é o “entupidor” e outro “desentupidor”. O ruim, em excesso, forma placas de gordura que podem “congestionar” o sistema circulatório. Enquanto o bom consegue dominar o mau e transportá-lo até o fígado, onde é eliminado.

Aquela frase famosa “meu colesterol está alto” se refere, portanto, ao ruim. A conta é simples: o mau precisa estar em níveis baixos, e o bom em índices altos.

Mas como convencer o organismo a manter esse balanço? Pela alimentação e pela atividade física. Muitas gorduras ou doces podem aumentar o colesterol ruim. No entanto, “nossas células precisam de gordura, mas não precisam de fritura”, salienta a nutricionista e mestre em Ciências Nefrológicas pela Universidade Federal de São Paulo (USP) Hevoise Papini. Segundo ela, a gordura que os alimentos naturais contêm, e que não pode ser vista, é o que o corpo demanda:

A natureza não colocou nenhum alimento ruim, portanto o ideal é ingerirmos o alimento mais próximo da forma natural. É preciso equilibrar as doses e ter cuidado com comidas manipuladas.

Evitar o exagero de delícias como batatas fritas, bife à parmegiana ou sorvete é um bom passo. Todos esses alimentos são compreendidos pelo organismo como estimulantes do colesterol ruim. Já para encorajar o bom, muitos exercícios aeróbicos. É preciso caminhar, correr ou andar de bicicleta, por exemplo.

Essas atividades aumentam o consumo de oxigênio e estimulam o organismo a fabricar enzimas que destroem o colesterol ruim e estimulam o bom. Mas deve-se praticar no mínimo três vezes por semana durante 30 minutos – avalia o cardiologista Carlos Cereser.

Genética é fator determinante

Então todo mundo que tiver uma vida saudável estará livre dos problemas do colesterol? Não necessariamente. A alimentação é responsável por cerca de 30% dos fatores determinantes das doses do lipídio no corpo, de acordo com Hevoise. O restante é determinado pela genética. Cereser diz que a maior parte dos casos que chegam ao consultório tem a ver com uma dieta inadequada. Há outros agravantes, como estar acima do peso ou ser fumante.

O cigarro estimula a liberação de substâncias que ajudam o colesterol a se ligar mais facilmente aos vasos sanguíneos – observa o cardiologista do Instituto de Cardiologia Miriana Basso Gomes.


De olho nos números

Para medir o colesterol bom e ruim,é importante ir ao médico e pedir uma prescrição de exame feito em laboratório.

Para o teste, é preciso estar de 12 a 14 horas em jejum e não ter ingerido bebida alcóolica há pelo menos três dias.

Saiba se você está de acordo com os Cientistas da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) descobriram que a erva-mate pode diminuir o colesterol ruim. O estudo apontou que pessoas que consomem um litro diário de chimarrão ou chá mate, durante 40, 60 ou 90 dias, podem reduzir em média de 10 a 15 mg/dL o colesterol ruim.

Isso sugere que esses indivíduos poderão ter redução do risco para desenvolver doenças cardiovasculares também da ordem de 10 a 15% – comemora o coordenador da pesquisa, o doutor em
Farmácia e Análises Clínicas Edson Luiz da Silva.

Os examinados tiveram que tomar a bebida durante ou pouco antes do horário das principais refeições do dia.

Pois, assim, as propriedades  do líquido serviriam como uma espécie de barreira ao colesterol ingerido através dos alimentos.

Outro motivo do sucesso é que o líquido diminui “a síntese do colesterol no fígado”, explica Silva.

De olho nos números

Erva-mate, uma aliada

LDL (colesterol “ruim”):

> Oficialmente, menos de 160 se você não apresentar risco, menos de 100 se tiver risco alto e menos de 70 se tem diabetes ou já sofreu infarto ou AVC. O ideal é ter como meta um nível abaixo de 100, sobretudo para fumantes, para quem tem pressão alta ou apresenta fatores de risco como sinais de placa de gordura nos vasos ou diabetes.

HDL (colesterol “bom”):

> Mais de 50 para mulheres e mais de 40 para homens


Abrindo mão da churrascada

Olírio Bernardes Corrêa, 57 anos, até o ano passado, tinha três fatores de risco: histórico familiar, tabagismo e despreocupação com a alimentação. Filho de mãe com problemas cardíacos, ele abusava das churrascadas no final de semana e das frituras na mesa. Um domingo acordou se sentindo mal e foi parar no hospital.

Depois de um infarto “por causa do colesterol alto”, como conta, e um cateter no coração, mudou radicalmente o que coloca no prato e os hábitos. Largou o cigarro, caminha todos os dias e dá “graças a Deus por não ter tido sequela alguma”. Sorte que Corrêa agradece, pois as doenças cardiovasculares são as principais causas de mortalidade no Brasil.


A DIFÍCIL TAREFA DE DRIBLAR A CANTINA

Embora o colesterol ruim alto seja mais comum em adultos, crianças também podem desenvolvê-lo. As causas são as mesmas de gente grande: alimentação inadequada, sedentarismo, estresse e genética. Aos 10 anos, Jordano Henrique Gonçalves da Silva foi diagnosticado com níveis altos do lipídio. A mãe Maria Isabel, 45 anos, procurou um médico para o filho ao vê-lo ganhar peso. O motivo era óbvio – desde os seis, quando Maria começou a estudar à noite, ele comia congelados e fast-food no jantar. Hoje, dois anos depois da descoberta, eles tentam contornar com uma alimentação mais adequada, mas as tentações estão por toda parte: 

Às vezes, na cantina da escola, não tem nada saudável, daí ele acaba comendo um enroladinho de salsicha. E as pessoas também não entendem que um menino possa ter colesterol alto e ficam oferecendo doces, besteiras. É um boicote sem querer, que é difícil para ele – resume a assistente administrativa.

Como geralmente não há sintomas – a conscientização se torna mais penosa ainda. O tratamento, segundo o cardiologista Carlos do Amaral Ferreira, representante da Sociedade Brasileira de Cardiologia no Rio Grande do Sul, pode envolver até medicamentos, caso, após seis meses na mudança de estilo de vida não haja modificação nos resultados de exames.

 

 

Alimentos do bem

A nutricionista e secretária-geral da Associação Gaúcha de Nutrição (Agan), Claudia Martins Mallmann, preparou uma lista com as comidas mais indicadas para quem quer baixar os níveis de colesterol ruim. Confira:

> Alimentos ricos em fibras, pois diminuem a absorção de gorduras, se forem ingeridas na mesma refeição.

Exemplos: cereais integrais, farelo de arroz, de trigo, de soja e de aveia, raízes e hortaliças, frutas cítricas, maçã, aveia e cevada.

> Alimentos ricos em ômega-3, porque aumentam o colesterol bom.

Exemplos: peixes como cavala, cavalinha, arenque, atum, salmão, truta, bacalhau, sardinha, linguado, viola, lagosta e mariscos; vegetais como nozes, semente de chia, grão de soja, semente de linhaça, vegetais folhosos, germe de trigo.

>
Alimentos ricos em fito estrógenos, já que melhoram o perfil lipídico.

Exemplos:
erva-doce, tofú, soja hidrolisada, trigo integral (tabule, quibe, pão integral), semente de linhaça, lúpulo, amendoim, alface, uva vermelha, sálvia e manjerona.


Alimentos que devem ser evitados

Gorduras saturadas e trans-saturadas. Coma com moderação frituras, maionese, carne vermelha, manteiga, margarinas duras, gordura vegetal hidrogenada, bolacha recheada, vísceras (fígado), torresmo, gorduras animais, azeite de dendê, embutidos (salsicha, linguiças, patê), comidas processadas, hambúrguer, queijos amarelos, sorvetes, chocolates e doces com creme de leite ou leite condensado.

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