CORAÇÕES MAIS FRÁGEIS

18 de agosto de 2012 
  
Mortes por infarto em mulheres aumentam cinco vezes em uma década.

O coração das mulheres está cada dia mais vulnerável ao infarto. Fisiológica e anatomicamente, nada mudou, pois a estrutura cardiovascular feminina sempre foi mais delicada. O que tem contribuído para o aumento da incidência de mortes é a maior exposição aos fatores de risco que antes afetavam mais os homens.

A partir de meados dos anos 1970, o estilo de vida feminino cedeu mais espaço ao estresse, a dietas desequilibradas, ao sedentarismo, à hipertensão e às altas taxas de colesterol ruim (LDL). Cerca de 30 mil mulheres morrem de ataques cardíacos por ano no Brasil. Para se ter uma ideia da dimensão do problema, o câncer de mama faz 11 mil vítimas no país anualmente. Na década de 1950, para cada cem homens que morriam de enfarto, 10 mulheres faleciam pelo mesmo motivo. Em 1990, a proporção era de 100 para 17. Atualmente, é de cem para 50.

Para o cardiologista César Jardim, especialista do Hospital do Coração de São Paulo (HCor/SP), o trabalho confirma a constatação da Associação Americana do Coração: as doenças do coração não estão mais relacionadas tão predominantemente aos homens.

– Elas carregam ainda danos exclusivos, como as alterações hormonais ao longo da vida, agravados na menopausa – lamenta o médico.

Atenção necessária

De acordo com a cardiologista Regina Coeli de Carvalho, presidente do Departamento de Cardiologia da Mulher da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), o enfarto feminino foi pouco estudado até duas ou três décadas atrás.

– Hoje, sabemos que a doença coronariana é mais incidente na mulher 10 anos depois do início do climatério, mas os riscos de infarto já são maiores a partir dos 45 anos. Depois dos 70, a disputa está bem acirrada entre eles e elas – sustenta.

Os especialistas também notam que, como os vasos femininos são mais delicados, as lesões nas artérias e as comorbidades, ou seja, complicações decorrentes do enfarto, são maiores entre as mulheres também.

– Elas demoram mais a procurar a emergência, porque subestimam os sintomas. Infelizmente, estudos europeus e americanos constatam que os médicos também negligenciam mais os sinais do enfarto na mulher – destaca Regina.

E as mulheres que têm casos de enfarto entre pais e irmãos devem ficar ainda mais atentas.

– Fatores como hipertensão, diabetes, obesidade e tabagismo são perfeitamente controláveis. A herança familiar não – explica a cardiologista Edna de Oliveira.


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