SAIBA O QUE FUNCIONA E O QUE NÃO FUNCIONA PARA ALIVIAR A ARTRITE

The New York Times 25/07/2012


Médico recomenda atividades sem impacto, como pedalar ao ar livre ou numa bicicleta ergométrica.
Cirurgia de substituição do joelho pode ser menos útil do que outras medidas para amenizar a dor.

Se você viver o bastante — isto é, mais de 50 ou 60 anos — existe uma boa chance de as articulações, provavelmente os joelhos ou a bacia, desenvolverem artrite. E se a dor ou a rigidez começar a limitar seriamente a capacidade de desfrutar a vida e executar tarefas rotineiras, existe a chance de você considerar a hipótese de substituir a junta problemática.

Pessoas com osteoartrite recorrem cada vez mais a cirurgias. A taxa de substituição do joelho está simplesmente explodindo, acima da proporção do aumento das mudanças artríticas vistas nas radiografias, e a cirurgia de substituição contribui enormemente para o crescimento dos custos da saúde pública — diz o reumatologista e epidemiologista da Faculdade de Medicina da Universidade de Boston David T. Felson.

Entre 1979 e 2002, a cirurgia de substituição do joelho subiu 800% entre as pessoas com mais de 65 anos. Embora Felson tenha descrito a substituição da bacia como "dinamite" — com grande eficiência no alívio da dor e recuperação da função — a troca do joelho pode ser muito menos útil.

Para entre 10 e 30% dos pacientes, a melhora não acontece — disse Felson.


Como o problema começa


A osteoartrite resulta do desgaste e ruptura das juntas. A artrite reumatoide, por sua vez, é um distúrbio autoimune. Cerca de 27 milhões de norte-americanos têm osteoartrite que limita a vida cotidiana, o número aumenta conforme a população envelhece e engorda.

A cada passo, a força exercida sobre as articulações que suportam peso é uma vez e meia a do peso corporal. Ao correr, a força aumenta sete ou oito vezes. Dessa forma, a maneira mais eficiente de prevenir a artrite nos joelhos e quadris é perder peso, para quem tiver sobrepeso, e buscar atividades recreativas sem impacto — afirma Glen Johnson, que falou sobre prevenção e tratamento da artrite na reunião anual da Associação Nacional de Treinadores Atléticos, em junho.

Enquanto a maioria das pessoas pensa que a osteoartrite é um rompimento da cartilagem que impede o contato direto entre os ossos, estudos recentes mostraram que ela é uma doença muito mais complicada e envolve tecidos dentro e ao redor das juntas, incluindo ossos e medula. A inflamação pode ser um fator contribuinte e a genética também desempenha um papel. Até agora, foram identificados três genes que aceleram o desenvolvimento da artrite.

Qualquer tipo de lesão ou cirurgia nas articulações, mesmo realizada por artroscopia, eleva o risco de surgimento da artrite. É por isso que tantos atletas profissionais e amadores desenvolvem artrite em idades mais jovens.

Mesmo assim, existem muitas soluções potenciais além da cirurgia para reduzir a dor artrítica e preservar — talvez até restaurando — a função normal da articulação. Ainda que a cirurgia seja necessária, ela pode ser adiada por vários anos com tratamentos cuja eficácia foi comprovada em testes clínicos bem planejados.

Geralmente, as juntas artificiais duram de 10 a 15 anos. Adiar a cirurgia é útil porque com quanto menos idade se substitui uma articulação, maior é a probabilidade de uma nova troca se mostrar necessária. E tanto equipamentos como técnicas cirúrgicas vivem sendo aprimoradas, ao adiar uma troca de articulação, você pode terminar passando por uma operação mais simples ou utilizando uma prótese mais durável.

Aceite o conselho de quem já passou por isso: a substituição da articulação, principalmente do joelho, não é moleza. É essencial fazer uma fisioterapia árdua e a recuperação pode ser demorada e dolorosa. Também existem limitações após a recuperação porque as juntas artificiais não são tão flexíveis com aquelas com que nascemos.


O que funciona e o que não funciona


:: Emagrecer


Vamos começar pelo básico. Se você pesa mais do que deveria, faça o possível para se livrar desses quilos extras. Até mesmo a perda de 10 a 15% do peso corporal pode fazer uma grande diferença.

Não tenho como salientar o bastante a importância do peso corporal. Com nossa crise nacional de obesidade, veremos mais e mais casos de artrite nos joelhos, tornozelos, quadris e coluna — explica Johnson.

Stephen Messier, professor de ciências da saúde e exercícios da Universidade Wake Forest, demonstrou num experimento entre 450 homens e mulheres com osteoartrite que uma dieta de perda de peso aliada a um programa de ginástica bem planejado podem reduzir de forma significativa a dor no joelho.


:: Fortalecer as coxas


De acordo com Johnson, os exercícios mais úteis são os que fortalecem os quadríceps (músculos da frente das coxas), como "leg press", miniagachamento, agachamento com apoio e exercícios de flexão e extensão que restaurem e preservem a extensão do movimento. Várias visitas ao fisioterapeuta podem ajudar.

"A severidade da dor está diretamente ligada ao grau de fraqueza muscular", Felson escreveu no New England Journal of Medicine. Ainda segundo ele, caso o joelho doa durante os exercícios, estes deve ser evitados.


:: Adaptar os sapatos


Outra medida que pode auxiliar é usar o calçado correto com ajustes na sola e salto, se necessários. Procure uma loja especializada em avaliar os pés e a pisada. Você tem pés chatos? Tem pernas arqueadas ou joelhos voltados para dentro? Palmilhas sob medida podem auxiliar a diminuir a pressão sobre joelhos ou quadris com artrite.


:: Pedalar


Embora a maioria dos especialistas recomende a caminhada, Johnson, por sua vez, prefere atividades sem impacto, como pedalar ao ar livre ou numa bicicleta ergométrica, nadar ou fazer ginástica numa máquina de remo seco ou elíptica. Segundo ele, quem preferir caminhar pode se beneficiar usando tênis para corrida.


:: Usar joelheiras


O emprego de joelheiras por um paciente com artrite também pode ser útil, principalmente se elas tirarem a pressão da parte afetada da articulação. As joelheiras auxiliam quem sofre de artrite a continuar participando de atividades físicas e a adiar a necessidade de cirurgia.


:: Tomar remédios


Normalmente, analgésicos só ajudam temporariamente, quando ajudam. De acordo com especialistas, deve-se tentar tomar doses diárias de paracetamol (o ingrediente do Tylenol) por ser significativamente mais seguro do que o ibuprofeno e outros antinflamatórios não esteroides.

Estudos clínicos bem conduzidos mostraram não haver alívio significativo da dor no joelho artrítico com o uso de suplementos de glucosamina e sulfato de condroitina, embora Felson tenha afirmado que, se as pessoas sentirem melhoras com eles, ele não desestimula seu uso.

Também não existem provas de benefício por meio de dimetil sulfona, S-adenosilmetionina ou acupuntura. Ainda segundo Felson, existem indícios de que remédios para osteoporose possam auxiliar, embora ainda não tenham sido avaliados no caso de pacientes com artrite num teste clínico randomizado.

Também existem sugestões do benefício da vitamina K, nutriente essencial encontrado em vegetais crucíferos (brócolis, couve, repolho e similares), os quais são bons para a saúde em geral (a menos que você tome anticoagulantes).

Os tratamentos médicos incluem injeções de esteroides a cada três ou quatro meses para controlar a dor e ganhar tempo, e injeções de substitutos do fluido sinovial, como Synvisc, duas vezes por ano. 

No geral, porém, assegura Johnson, isso não adianta muito quando a artrite chega ao estágio de osso no osso. 


 

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