MENTE,PARA NÃO ESQUECER

14 de julho de 2012

Técnicas de memorização ajudam, mas manter mente e corpo ativos pode ser ainda mais eficaz.

Em 2030, mais de 65 milhões de pessoas no mundo terão alguma demência, segundo relatório divulgado este ano pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Em um ambiente em que cada vez mais se lida com uma infinidade de informações, o hábito de recorrer à memória para se lembrar de telefones ou de nome de pessoas conhecidas é delegado à tecnologia. Diante disso, é comum ouvir queixas sobre esquecimentos repentinos e falta de atenção. Para contornar o problema e não contribuir com o desenvolvimento de doenças, é importante estimular o cérebro de diferentes maneiras. As técnicas de memorização podem ser uma opção.

Porém, entre os especialistas, ainda não há consenso sobre a eficácia dos exercícios para turbinar a memória.

O que a gente vê são propostas, mas ainda não deu tempo para ver os resultados. Mas qualquer coisa que faz as pessoas treinarem a memória já funciona – analisa o neurologista Ricardo Teixeira.

Para Fernando Elias José, psicólogo e especialista em cognição humana, é mais uma questão de autoconhecimento:

Devemos testar para saber o que se encaixa melhor na nossa rotina. Não existe uma fórmula geral, existem métodos que podem ou não funcionar.


Estímulos diversos


Para a coordenadora de desenvolvimento de material didático de língua portuguesa do Kumon, Any Queiroz, a memória é como uma enorme base de dados do cérebro.

Ela é responsável pela aquisição, armazenamento e evocação de informações. Aquilo que aprendemos, construímos e vivenciamos é armazenado e pode ser trazido à tona a partir de estruturas e estimulações cerebrais.

Mas quais seriam esses estímulos? Desde ler um livro novo ou fazer alguma outra atividade que exercite o cérebro já conta. Deve-se levar em consideração que a memória e as demais regiões do nosso cérebro reagem a determinados tipos de recompensa, ou seja, àquilo que causa prazer. Diante de tantas influências externas, temos que aprender a manter o hábito de fazer tarefas que nos tragam a sensação de prazer.

Para o preparador mnemônico Renato Alves, a tecnologia pode ser um entrave, pois as pessoas ficam mais dependentes dos aparatos, deixando de lado a memória.

Com o uso do celular, das calculadoras, por exemplo, as pessoas param de usar a memória. Estamos nos afastando da memória natural e nos aproximando da artificial, que pode facilmente se perder. Consequentemente, a memória fica lenta e você passa a não confiar nela e a usá-la menos. Devemos usar as duas memórias simultaneamente – analisa ele, que já esteve na lista dos que reclamam de falhas na memória e foi por causa dos esquecimentos corriqueiros que se especializou no assunto.


Pratique

De maneira geral, as técnicas de memorização consistem em uma série de exercícios com objetivos específicos. Além disso, para que tenha eficácia, é importante saber aquilo que se adapta a cada perfil.

 Entenda como funcionam alguns exercícios:

IMAGENS MENTAIS

> Essa técnica baseia-se na ideia da memória fotográfica. Para as pessoas que têm facilidade em decorar imagens, aconselha-se o recurso da informação estruturada, que provoque uma impressão forte na memória e obrigue a uma recordação exata.

PALAVRA-CHAVE

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A ideia dessa técnica é associar um tópico a cada palavra-chave, de modo que, ao lembrar esse termo, nos recordamos de todo um raciocínio ou de toda uma matéria.

TÉCNICA DAS INICIAIS

> Muitas pessoas têm também maior facilidade de decorar um processo ou dados, como os elementos da tabela periódica, se esses formarem, com as suas iniciais, palavras fáceis de memorizar e com sentido.

TÉCNICA DOS NÚMEROS

> Algumas pessoas têm maior facilidade em recordar números do que palavras, por exemplo, números de telefone. Para elas, a codificação de um conjunto de informações em números pode ser a forma mais fácil de adquirir todos esses dados de uma forma natural e duradoura.

RIMAS E JOGOS

> O ensino de crianças passa muitas vezes por rimas e jogos, que se tornam fáceis instrumentos de memorização. Por exemplo, certas rimas para decorar o nome dos meses e do número de dias que os compõem ou mesmo o ritmo que se imprime à tabuada para que se assemelhe a uma cantiga são formas de memorização mais fáceis de implementar.

Na busca por uma mente saudável e um cérebro ativo, a prática de exercícios físicos também tem espaço essencial.

> O exercício melhora o condicionamento circulatório cerebral, libera substâncias como endorfina, causando a sensação de bem-estar e aumentando a capacidade de concentração, além de prevenir doenças – explica Luciana Piccoli, professora de educação física e especialista em qualidade de vida.

Segundo pesquisa publicada na Academia de Procedimentos Científicos dos EUA (Pnas, sigla em inglês), os exercícios físicos ajudam no desenvolvimento do hipocampo, região responsável pela memória.

> O exercício favorece o que antes se achava impossível, como a formação de novos neurônios, mais precisamente no hipocampo. Durante a atividade, o fígado produz uma substância que cai no sangue e entra no cérebro, fazendo o hipocampo produzir outra substância, o BNDF, que estimula o nascimento de novos neurônios – conta Luciana.

Fonte: Fonte: Instituto Politécnico de Setúbal, Portugal

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