VOLUNTARIADO CIENTÍFICO

23 de junho de 2012  ESTUDOS


Quem se propõe a participar de estudos clínicos contribui para a evolução de tratamentos.

 Personagens de séries de televisão como Seinfeld e Friends já fizeram anedotas sobre a participação em pesquisas clínicas como forma de tirar algum proveito financeiro, o que não seria possível no cotidiano desse tipo de estudo. Pesquisadores recrutam voluntários para testar a eficácia de novos medicamentos e medir efeitos colaterais sem oferecer qualquer tipo de remuneração.

A solidariedade científica, no entanto, tem baixa adesão, segundo o médico e pesquisador Flávio Fuchs, do Hospital de Clínicas de Porto Alegre. Ao lado de Sandra Fuchs, ele coordena o estudo Prever, que envolve 24 centros de todo o país em testes com medicamentos para o tratamento da hipertensão. Reunir diversas unidades em torno de uma mesma pesquisa, aliás, é uma das estratégias usadas pelos cientistas para atingir amostras maiores. Um artigo publicado no Jornal da Associação Médica Americana questionou a capacidade de testes clínicos realizados nos Estados Unidos fornecerem recomendações médicas confiáveis, visto que mais da metade deles envolveram menos de 100 pacientes e apenas 4% tinham mais de 1.000 voluntários.

Participar de uma pesquisa demanda comprometimento e aceitação de riscos – diz Fuchs.

Por conta disso, grande parte dos que se inscrevem para colaborar está interessado em novos tratamentos para a doença em questão.

Seja por qualquer motivo, quem participa de um estudo está oferecendo uma contribuição importante para a ciência – reforça Fuchs.

 Cartilha do voluntário.

OBRIGAÇÕES DE QUEM PARTICIPA:

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Seguir rigorosamente as recomendações.

> Participar de apenas um estudo clínico por vez.

> Ir a todas as visitas antes, durante e após o estudo.


O CENTRO DE PESQUISA DEVE:


>
Sanar todas as dúvidas dos voluntários.

> Garantir assistência 24 horas.


FASES DA PESQUISA:


>
Quando parte para testes em humanos, primeiro, o medicamento é usado em pessoas que não têm a doença em questão, para avaliar a segurança do remédio e qual a melhor via de aplicação (uso oral ou injeção). Envolve até 100 voluntários.

> A segunda etapa envolve cerca de 300 pacientes, para validar a segurança e eficácia do medicamento.

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Na terceira fase, são realizados estudos multicêntricos, para reunir entre 5 a 10 mil voluntários. A medicação é testada em comparação a similares já existentes no mercado. São os chamados estudos randomizados: uma parte do grupo usa o medicamento já comercializado e outra usa o medicamento em teste. ara garantir a imparcialidade da pesquisa, nem o paciente nem o pesquisador sabem quem está em qual grupo.

> A última etapa é focada na avaliação dos efeitos colaterais ou adversos dos medicamentos usados.


Os cuidados éticos.

 

O coordenador do Comitê de Ética em Pesquisa da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), Rodolfo Schneider, esclarece que o voluntário deve exigir um termo de consentimento livre e esclarecido, que deve ser assinado assim que ele ingressa no estudo. Nele, são apresentados os objetivos da pesquisa, os procedimentos a serem realizados (exames, frequência de consultas, etc), os principais riscos, os contatos da equipe clínica e do comitê de ética do centro de pesquisa.

O termo deve ser redigido em forma de convite, numa linguagem clara, sem termos técnicos, para garantir o entendimento – destaca Schneider.

Indícios revelados por pesquisas clínicas inspiram consensos médicos e até mesmo políticas públicas de saúde. É a chamada medicina baseada em evidências, que consiste em oferecer ao médico subsídios para auxiliar na tomada de decisão em tratamentos de saúde. O acesso a esse tipo de informação é cada vez mais valorizado no dia a dia da medicina, tanto que o governo federal criou um banco de dados para disponibilizar conteúdo científico a profissionais da saúde.

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