RAIO X PODE SER MAIS EFICÁZ QUE MAMOGRAFIA PARA INDENTIFICAR CÂNCER DE MAMA

25/11/2011 


Estudo da USP sugere que os dois métodos sejam usados no diagnóstico de forma combinada.

 

 

Com base nas informações de radiação espalhadas pela mama quando exposta a exames de raio X, o físico médico André Luiz Coelho Conceição, da Universidade de São Paulo (USP), desenvolveu um sistema para identificar câncer de mama que promete ser mais eficaz do que a mamografia tradicional.

Durante a pesquisa, Conceição desenvolveu a combinação das duas técnicas de tratamento: a observação dos tecidos a partir do espalhamento dos raios X e a mamografia tradicional. Foram analisados tecidos normais, malignos e benignos.

Com o passar da idade, as fibras da mama tendem a ser substituídas por células de gordura, tornando os seios mais flácidos. Assim, quanto mais jovem for a mama, mais fibroso será seu tecido. O tecido fibroso é constituído principalmente por água. Já a gordura é basicamente formada por ácidos graxos. Foi essa diferenciação a responsável pelos diferentes resultados no espalhamento dos raios X em médio ângulo. Entretanto, ela só ocorreu da maneira esperada nos tecidos normais. Os tecidos com tumores malignos e benignos apresentaram comportamentos diferentes.

As mamas com tumores passaram a ter um maior componente de água em sua estrutura, comportamento inverso ao considerado natural. Segundo o pesquisador, a hipótese é que o tumor precisa de um aumento da vascularização da mama para se desenvolver, isso implica também no aumento da porcentagem de moléculas de água.

Na região de baixo ângulo, as diferenças se deram com relação às fibras de colágeno. Em amostras "malignas", essas fibras apresentaram uma diferença quando comparadas com as amostras "normais": elas estavam muito mais espaçadas, com maior variação na periodicidade de sua estrutura, "mais frouxas", popularmente falando. Para Conceição, uma explicação possível é a de que a invasão do câncer naquele espaço causa a ruptura dessas fibras de colágeno. Para reparar esses danos, o organismo tenta reconstruir essa ligação, que nunca fica tão perfeita quanto a original. É essa reconstrução imperfeita que pode ser identificada no espalhamento dos raios.

— Na prática, o espalhamento nada mais é que uma contagem da radiação espalhada, que contamos por fótons, em função do ângulo de espalhamento e da sua energia da radiação espalhada — explica Conceição.

O modelo desenvolvido pelo pesquisador simplifica o diagnóstico por meio de um software específico para análise estatística, onde é arquivado o número de fótons espalhados por cada amostra em cada um dos valores de momento transferido. O momento transferido é fixo, portanto, valores anormais são facilmente identificados quando comparados com a tabela de valores-padrão construída pelo software.

— Nosso modelo conseguiu identificar corretamente 100% das amostras. O modelo atual apresenta uma taxa de erro (falsos negativos e falsos positivos) em cerca de 10% a 20% dos pacientes. A combinação dos dois métodos poderia evitar muitos erros — sugere.

Ainda não é possível fazer uma previsão de quando o método poderá ser aplicado em clínicas e hospitais públicos do Brasil.

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