PESQUISA MOSTRA QUE TERCEIRA IDADE É MAIS FELIZ

07/11/2011



Aos 73 anos, David Taroncher se orgulha de nadar de janeiro a dezembro em piscina aberta e de se alimentar corretamente.


Trabalho realizado pela Unimed Porto Alegre e coordenado por pesquisadores da UFRGS mediu o índice de bem-estar dos porto-alegrenses.

 

 

Marcelo Gonzatto  |  marcelo.gonzatto@zerohora.com.br

 

Uma pesquisa contraria antigas noções sobre a terceira idade e demonstra que os velhos são as pessoas mais felizes da Capital, superando adolescentes, jovens e adultos.

A segunda edição do levantamento que calcula o Índice de Bem-Estar (IBE) Unimed, uma espécie de termômetro do nível de contentamento da população, revela que a felicidade se encontra além dos 60 anos.

Para obter um retrato do ânimo da população, o trabalho realizado pela Unimed Porto Alegre e coordenado pelos pesquisadores da Escola de Administração da UFRGS Carlos Alberto Vargas Rossi e Teniza da Silveira aplicou 541 questionários entre novembro e dezembro de 2010 a maiores de 18 anos. Ao responder às questões divididas em 12 áreas diferentes, os entrevistados forneceram dois indicadores: que aspectos de suas vidas consideram mais importantes para alcançar a felicidade e qual o grau de satisfação pessoal com o que conquistaram até o momento em cada um deles.

Os resultados, divulgados neste fim de semana, atestam que os entrevistados com mais de 60 anos atingem as maiores médias de bem-estar em nove das 12 dimensões do cotidiano, em comparação com as demais quatro faixas etárias pesquisadas. Ficaram em segundo lugar no critério “bem-estar psicológico” e no nível de satisfação com o governo.

O pior resultado ocorreu no quesito “bem-estar físico” – mesmo assim, alcançaram média 63,4, quase o mesmo das outras idades. Os idosos atingiram as primeiras colocações em áreas como “autonomia e liberdade” e “convívio social”, geralmente vinculadas a jovens. Nos de 20 a 24 anos, aplicam uma lição de vida: superam a moçada em todos os 12 quesitos.

Menos pressão e expectativas

 
Segundo uma das pesquisadoras, o resultado pode ser atribuído ao tempo livre e à ausência da pressão do dia a dia — no trabalho, nos relacionamentos... — mais presente em outras faixas etárias.

Mas também pode indicar que os idosos são mais tolerantes e se contentam mais facilmente com o que têm — avalia Teniza.

Quando a idade vem associada à prática de atividade física e a hábitos saudáveis, a exemplo do professor de língua espanhola David Taroncher, 73 anos, a felicidade é multiplicada. Taroncher, catalão radicado há mais de 50 anos na Capital, pratica natação quase diariamente em piscina ao ar livre – inclusive durante o inverno.

A verdade é que a gente precisa se preparar para a velhice. Se deixar para se cuidar quando já estiver velho, é muito tarde — afirma.

Taroncher tem uma receita diária para a jovialidade e a energia que lhe caracterizam: além de nadar, prefere escadas a elevadores, lê dois jornais impressos e seis digitais para “manter o interesse no mundo” e toma sete minutos e meio de sol em cada lado do corpo para abastecer o organismo de vitamina D. Em relação à alimentação, ensina a “sigla” CAM.

— Coma a metade — brinca.

Graças a segredos como esses, os idosos da Capital desbravam o caminho rumo à felicidade sonhada pelos conterrâneos de todas outras idades.

Nenhum comentário: