CÉLULAS PROGRAMADAS.

06 de agosto de 2011
Cientistas “reeducam” células para evitar 

a rejeição de órgãos

Transplantes de órgãos e células salvam milhares de vidas todos os anos. Médicos e pacientes, entretanto, têm de lidar com uma dificuldade que pode comprometer os esforços da cirurgia: a rejeição pelo próprio organismo. Granulócitos, monócitos, macrófagos e linfócitos, “soldados” do sistema imunológico que lutam contra invasores, muitas vezes enxergam o material transplantado como inimigo. A saída pode estar na reeducação das células regulatórias (Tregs), cuja função natural é prevenir as doenças autoimunes, como diabetes e lúpus, caracterizadas pela falha do organismo em reconhecer estruturas que ele mesmo produz.

Recentemente, a revista Science Translational Medicine trouxe novas perspectivas no combate à rejeição. Três artigos descrevem estratégias bem-sucedidas que, embora ainda experimentais, conseguiram evitar que o organismo expulsasse os órgãos ou tecidos transplantados. Atualmente, para que isso não aconteça, os pacientes tomam medicamentos chamados imunossupressores, mas essas substâncias também afetam a parte saudável do sistema imunológico. Com isso, deixam o organismo aberto a diversos tipos de infecções.

O papel das Tregs no combate à rejeição tem sido investigado há muito tempo. Dentro do campo de batalha do sistema imunológico, porém, elas são poucas. A quantidade é insuficiente para funcionarem como imunossupressoras naturais. O que as pesquisas descritas na revista médica fizeram foi coletar as Tregs do organismo, separá-las e cultivá-las in vitro, de forma a aumentar o número das células regulatórias. Reinseridas no organismo em maior número, elas poderiam funcionar como poderosas armas no combate à rejeição.

– As células T regulatórias são células imunológicas, cuja função é evitar que o sistema confunda estruturas próprias com externas – afirma Keli Hippen, principal autora de um dos artigos publicados na revista.

Apesar de extremamente promissor, o transplante das células apresenta riscos enormes ao paciente. De acordo com o Grupo Europeu de Transplante da Medula Óssea, mesmo quando há compatibilidade entre doador e receptor, o índice de mortalidade é de 10% – isso sem considerar as taxas de rejeição e as doenças que podem aparecer em decorrência do transplante.

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