O PERIGO DA FARMÁCIA CASEIRA

30 de julho de 2011



Medicamentos podem causar intoxicações graves. Veja como proceder para evitá-las

Para evitar a intoxicação de crianças por medicamentos – responsável por 36,1% de todos os casos de intoxicação registrados no Brasil –, a Câmara dos Deputados está analisando um projeto que torna obrigatório o seu fracionamento, feito conforme a receita médica. A proposta prevê uma nova forma de venda de drágeas, comprimidos, cápsulas, pastilhas e supositórios.

Atualmente, a legislação já permite o fracionamento de determinados medicamentos (são 800 na lista da Agência Nacional de Vigilância, Anvisa), mas não o torna obrigatório. O autor da lei, deputado Dr. Aluizio (PV-RJ), argumenta que como é comum as pessoas guardarem os restos deles durante ou após o uso em casa, o perigo é constante.

– As intoxicações respondem por aproximadamente 7% de todos os acidentes em crianças menores de cinco anos e estão relacionadas a cerca de 2% de todas as mortes na infância no mundo – diz o parlamentar.

A proposta de Aluizio também tem uma razão econômica, defendida por entidades como a Proteste Associação de Consumidores e o Instituto Ethos, que lançaram uma campanha pela conscientização da medida em 2010. O argumento é que, apesar da venda de remédios fracionados ser permitida no país há mais de seis anos, até hoje os consumidores brasileiros pouco sabem sobre isso e encontram dificuldades para comprar medicamentos na quantidade exata para o tratamento prescrito.

Dados de ambas entidades revelaram que, até agora, só 15 laboratórios pediram o registro da Anvisa para produzir 175 tipos de produtos fracionados, a maior parte deles genéricos. A vantagem é que, com a oferta de medicamentos fracionados, o consumidor pode comprar a quantidade exata para o tratamento. Além de ser saudável para o bolso, a atitude evita os riscos de efeitos adversos e intoxicação pelo consumo das sobras de remédios estocados em armários e gavetas. E, ainda, é reduzido o desperdício e o descarte de produtos no meio ambiente. A Anvisa calcula que 20% de toda a produção farmacêutica vai para o lixo, num desperdício que chega a R$ 4 bilhões anuais.

No último levantamento do Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (Sinitox), da Fiocruz, os principais agentes de intoxicação em crianças menores de cinco anos – a fase oral e de grande interesse pelo meio em que se vive – são medicamentos (36,1%), seguidos por artigos de higiene e desinfecção (21,6%). Até os 14 anos, nas intoxicações por diversas substâncias, 98,7% dos episódios ocorreram em casa, com meninos (58,2% dos casos).

Quase sempre, as intoxicações acontecem por descuido. Há casos em que a criança encontrou o remédio ainda na embalagem, jogada na lata de lixo. Os pequenos tendem a repetir o comportamento de adultos, e são motivados pela curiosidade. Mesmo drogas de venda livre, como paracetamol e ácido acetilsalicílico, causam problemas quando ingeridas sem necessidade.

Atenção em casa

> Mantenha os medicamentos fora do alcance das crianças e evite tomá-los na frente delas.

> Não dê ou tome remédio no escuro, pois podem ocorrer trocas perigosas ou dosagens erradas.

> Não mude os medicamentos de embalagem.

> Respeite o prazo de validade.

> Descarte remédios vencidos no local certo, e não no lixo doméstico, pois pode haver contaminação do solo e da água. Algumas farmácias, como a Panvel, oferecem postos de coleta. A Anvisa acaba de lançar um hotsite para debater o tema: http://189.28.128.179:8080/descartemedicamentos


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