DOUTOR,POSSO VOAR?

05 de julho de 2011

Posso viajar de avião se estou com conjuntivite ou depois de me recuperar de um infarto? Com quantas semanas de gravidez não posso mais fazer viagens aéreas? Essas e outras perguntas são respondidas no manual Doutor, Posso Viajar de Avião?, elaborado pela professora Vânia Elizabeth Ramos Melhado e pelos alunos integrantes da Liga de Medicina Aeroespacial da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. São recomendações aos passageiros, médicos e tripulantes sobre os cuidados a serem tomados antes e durante os voos, tendo em vista, principalmente, as doenças pré-existentes.

Para ajudar o leitor, o Viagem publica a seguir alguns trechos do manual, cuja versão integral pode ser encontrada no nosso site, www.clicrbs.com.br/viagem.  

O que fazer

Gesso e fraturas

- Por razões de segurança, algumas companhias aéreas exigem que passageiros com gesso em membro inferior, indo até acima do joelho, viajem de maca. Como alternativa, esses passageiros podem comprar um assento extra ou viajar em classe executiva ou 1ª classe.
- Fraturas instáveis ou não tratadas são contraindicações de voo.
Como uma pequena quantidade de ar fica presa no gesso, aqueles feitos entre 24-48 horas antes da viagem devem ser bivalvulados, para evitar compressão, principalmente em voos longos.

Gravidez

- No caso de a gestante apresentar dores ou sangramento antes do embarque, a viagem deve ser evitada.
- Se há história de atividade uterina aumentada ou partos prematuros anteriores, evitar viagens longas.
- Em condições que comprometem a oxigenação da placenta, deve ser avaliada a necessidade de suporte com oxigênio.
- A partir da 36ª semana de gestação, a mulher necessita de uma declaração do seu médico permitindo o voo. Em gestações múltiplas, a declaração deve ser feita após a 32ª semana.
- A partir da 38ª semana, a gestante só pode embarcar acompanhada dos respectivos médicos responsáveis.
- Não há restrições no pós-parto para a mãe, mesmo de imediato.
- No entanto, deve-se adiar a viagem do recém-nascido para depois da primeira semana de vida, devido às várias transformações pelas quais o bebê passa e a fragilidade dele nesse período.
- A gestante deve evitar dieta produtora de gases nos dias anteriores à viagem e compensar anemias pré-existentes.
- Durante o voo, ela deve manter constantemente o cinto afivelado sobre a pelve, evitando choques na barriga, que são especialmente perigosos no terceiro trimestre de gestação.
- Em voos com duração maior de quatro horas, recomenda-se exercícios leves com as pernas, para evitar a imobilidade prolongada.

Contraindicações e recomendações

Sinusite
A sinusite aguda ou crônica é uma
contraindicação ao voo por ser uma infecção e
pelo risco de obstrução do seio nasal. Pode levar a
complicações no momento do pouso ou se houver
uma despressurização.
No caso de voar nessas condições, o
passageiro pode sofrer enxaqueca severa, dor
facial, nos olhos ou no sistema nervoso central,
além de sangramento nasal.
Infecções pulmonares
Não é recomendável a viagem a passageiros
com infecções pulmonares contagiosas
(tuberculose e pneumonia), pois podem ocorrer
agravamento dos sintomas, complicações durante
e depois do voo e risco de disseminação da
doença entre os outros passageiros.
Para voar, o viajante deve estar com melhora
dos sintomas, sem febre e com função pulmonar
adequada.
Tratando-se de tuberculose, além da melhora
clínica, deve-se ter o resultado do exame de bacilos
negativo.
Otite
Infecções ativas e cirurgias recentes são
contraindicações para o voo.
Rinite
Devido à exposição aos fatores
desencadeantes no pré-voo e dentro
do avião, aconselha-se o uso de antihistamínicos
e corticoides. Se em crise, considerar
o adiamento da viagem. Durante o voo, pode-se
também umidificar a mucosa nasal com soro
fisiológico e usar descongestionante nasal antes do
pouso, para evitar a dor causada pelo aumento da
pressão dentro da orelha.
Doenças
cardiovasculares
Infarto não complicado:
aguardar de duas a três semanas
Infarto complicado: aguardar seis semanas
Angina instável: não deve voar
Insuficiência cardíaca grave e
descompensada: não deve voar. Se moderada,
verificar com o médico se há necessidade de
suporte de oxigênio.
Revascularização cardíaca: aguardar duas
semanas
Taquicardia ventricular ou supraventricular
não controlada: não voar
Não há contraindicações para
quem tem marca-passos e
desfibriladores implantáveis.
Carregue um eletrocardiograma
recente e avise a companhia aérea
sobre necessidades especiais de
alimentação, oxigênio ou cadeira
de rodas.
Acidente vascular
cerebral (AVC)
O paciente precisa aguardar entre quatro e 14
dias para viajar.
Distúrbios psiquiátricos
Pessoas com transtornos psiquiátricos e cujo
comportamento seja imprevisível, agressivo ou
não seguro não devem voar.
Aqueles com distúrbios psicóticos estáveis
com uso de medicamentos e acompanhados por
um conhecido podem voar.
Conjuntivite
É uma contraindicação ao voo durante o
período infectante.
Epilepsia
A maioria dos epilépticos pode voar desde
que estejam usando a medicação.
Aquelas pessoas que têm crises frequentes
devem viajar acompanhados e estarem cientes
de fatores desencadeantes como fadiga, refeições
demoradas, hipóxia e alteração do ciclo
circadiano. Recomenda-se esperar 24-48h após a
última crise antes de voar.
Bronquite crônica
e enfisema
Esses viajantes devem buscar orientação
médica especializada para realizar testes que
verificam se há necessidade de suporte de oxigênio
durante a viagem.
Anemias
Níveis de hemoglobina abaixo de 8,5
mg/dl, associados à diminuição da pressão
de oxigênio durante o voo, podem levar ao
aparecimento de escotomas e à perda de
consciência. Recomenda-se o uso de suporte
de oxigênio.
Pós-operatório
Depende muito da cirurgia que o paciente
realizou.
De pneumotórax, por exemplo, deve-se
esperar de duas a três semanas para viajar.
Já em caso de laparoscopia, o voo pode
ocorrer após 24 horas, desde que os sintomas de
distensão estejam ausentes.
Contraindicações e recomendações


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