CÉLULA-TRONCO NO FETO INDICA RISCO DE LEUCEMIA E REAPARECIMENTO TARDIO DA DOENÇA

2011-06-15 | 12:31 


As células-tronco leucémicas podem permanecer inactivas no corpo durante uma década ou mais após a remissão da doença na criança - antes de serem reactivadas e de causarem uma recaída. De acordo com um novo estudo conduzido pelo investigador Mel Greaves , do Institute of Cancer Research (ICR) , estas conclusões não devem preocupar indevidamente os pais cujos filhos já sofreram de leucemia linfoblástica aguda (LLA), pois a volta da leucemia depois de muitos anos da remissão é rara. Além disso, a recaída tardia geralmente é geneticamente similar ao cancro original e o mesmo tratamento pode levá-la à remissão novamente, avança o portal ISaúde.

"Alguns tipos de tratamento erradicam as células doentes, mas não matam todas as células-tronco leucémicas. Anos mais tarde, se o doente tiver o azar de ser exposto a outro gatilho, o cancro pode começar a desenvolver-se de novo. A boa notícia é que acreditamos que alguns novos sistemas de tratamento para a leucemia também podem matar as células-tronco. Assim, no futuro, os doentes poderão não ter este risco de recaída" , diz Greaves.

Em 2008, a equipa de Greaves confirmou a existência de células-tronco da leucemia que se desenvolvem a partir de uma mutação genética quando o doente ainda está no útero.

A mutação - fusão dos genes TEL (ETV6) e AML1 (Runx1) - gera células pré-leucémicas que crescem na medula óssea como uma bomba-relógio silenciosa, mas outros factores são necessários para convertê-las em leucemia. Evidências sugerem que a mutação pode estar presente em até um a cada 100 recém-nascidos, mas apenas cerca de uma em cada 100 destas crianças com a mutação vai desenvolver LLA. Pensa-se que estes gatilhos incluem a aquisição de uma infecção comum da infância e de mutações genéticas adicionais.

No último estudo, os cientistas analisaram o ADN de amostras de cancro provenientes de 21 doentes no primeiro diagnóstico e, em seguida, na reincidência. Todos os doentes tinham a fusão ETV6-RUNX1 e tinham em média 4,5 anos no momento do diagnóstico, a primeira recidiva ocorreu dentro de até dez anos. Os cientistas encontraram para cada paciente uma média de oito diferentes mutações, conhecidas como alterações de número de cópia, durante o diagnóstico e 11 durante a recaída. Os cientistas pensaram que algumas delas eram mutações "passageiras", mas uma série de mutações "activadoras" - que os cientistas acreditam estar directamente envolvidas no desenvolvimento do cancro - foram identificadas devido à frequência entre os pacientes e pelo conhecido papel no desenvolvimento da LLA. Ao analisar as mutações activadoras presentes em ambas as fases, eles confirmaram que as células cancerígenas que causam recidiva são derivadas de células presentes no primeiro diagnóstico, na maioria dos casos em níveis reduzidos.

Para um doentes, os investigadores fizeram uma análise da remissão usando uma técnica chamada hibridização fluorescente in situ (FISH) e identificaram uma célula cancerígena presente em níveis baixos no momento do diagnóstico (0,4%), cujo genótipo realmente combinava com as células cancerosas dominantes (79,8%), observadas na recidiva de dez anos mais tarde.

Os resultados do estudo levantam a possibilidade de que os doentes em risco de recidiva possam ser identificados pela detecção molecular sensível que detecta as células-tronco persistentes. "Pode ser possível examinar os pacientes assim que terminam o tratamento - geralmente de 2 a 3 anos após o diagnóstico - e determinar se eles ainda têm um reservatório de células-tronco leucémicas e, portanto, potencial para recidiva", diz Frederik van Delft.

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