Ruas do Beato travam mobilidade a João

"Embora as questões relativas às acessibilidades se encontrem no âmago das nossas preocupações, não estão contempladas no rol de competências e respectivo orçamento delegadas pela Câmara Municipal de Lisboa". É desta forma que Hugo Pereira, presidente da Junta de Freguesia do Beato, em Lisboa, justifica as queixas de João Paulo Martins, de 33 anos, em circular pelas ruas da freguesia.

Bruno Colaço
Para João Paulo Martins sair de casa, no bairro Madre de Deus, é uma aventura. Os obstáculos multiplicam-se


O autarca diz que a junta diz-se sensível aos apelos da população, acrescentando que, sempre que possível, executa desnivelamentos de calçada em passadeiras, bem como pequenas rampas de cimento ou chapa. "Já construímos cerca de 20 desnivelamentos em passeios e temos mais de 13 casos em que desviámos mobiliário urbano para a passagem de cadeiras de rodas. Temos seis casos para resolver, alguns através da colocação de pilaretes", explica o responsável, sublinhando que há situações que carecem de autorização, o que arrasta a concretização da obra.
Relativamente aos buracos no pavimento, o presidente atribui a sua origem às obras de requalificação que estão a ser desenvolvidas na Mata da Madre Deus, que incluem a modernização dos sanitários públicos. 

"GOSTAVA MUITO DE FAZER PLANOS"

Gostava muito de fazer planos para a minha vida". Escrever um livro, fazer rádio e ter um bar são os sonhos de João Paulo Martins, um jovem de 33 anos, a quem a vida pregou uma partida.
Aos 18 anos, soube que sofria de esclerose múltipla, doença crónica, inflamatória e degenerativa que afecta o sistema nervoso central, que o atirou para cima de uma cadeira de rodas. Cada saída de casa é uma aventura, todo o percurso tem de ser criteriosamente pensado. Porém, há sempre um novo obstáculo que impede a sua cadeira de rodas eléctrica de circular. E não é preciso ir muito longe. É o seu próprio bairro – bairro Madre de Deus (Lisboa), o palco da aventura. Falta de rampas nos passeios, o piso irregular, a falta de uma casa de banho adaptada na mata e o facto de ter de pedir do meio da estrada um jornal ou uma revista, visto não ter acesso directo ao quiosque do bairro, tornam o dia-a-dia deste desempregado uma tortura. A Associação Salvador ofereceu-lhe uma cadeira eléctrica nova.
"É mais confortável, deu-me a possibilidade de ir para longe da minha porta, conhecer mais pessoas e exteriorizar o meu pensamento", elogia este profissional de arte e design cerâmico.

 FONTE:  http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/nacional/saude/ruas-do-beato-travam-mobilidade-a-joao

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